segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

A VITORIA ESMAGADORA E CONVINCENTE DO PARTIDO FRELIMO NAS ELEÇÕES AUTÁRQUICAS DE 19 DE NOVEMBRO

DESAFIOS PARA O PARTIDO FRELIMO

Foi na semana finda feito anuncio formal dos resultados das últimas eleições autárquicas, pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) em que a Frelimo e seus candidatos foram vencedoras em 41 vilas municipais, tendo perdido na Beira para a presidência do Município e vai a uma segunda volta no município de Nacala.

Não há e nem pode haver dúvidas de que o partido Frelimo, foi um justo vencedor, um vencedor a escala nacional, e que devemos a partir de já trabalhar no sentido de contribuir para que este partido governe por forma a criar desenvolvimento e melhoria substancial das condições de vida dos munícipes. Alguns com alguma razão, dirão que alguns candidatos vencedores são em termos de CV ou de capacidade inferiores a “marca” Frelimo, ou melhor terá sido a marca Frelimo que os conduziu a vitória e não a expectativa em termos de ideias desses candidatos. Com relação a esse aspecto, é preciso dizer de forma clara que agora, já não são candidatos são Presidentes eleitos dos municípios em que cada um de nós vive, pelo que, devemos conjuntamente trabalhar por forma a termos municípios a altura das nossas expectativas.

A razão principal deste texto é que a Frelimo ganhou. A Frelimo ganhou de forma esmagadora e a escala nacional. É bom que se diga, que foi uma vitória fruto do trabalho, pois vimos as bases da Frelimo a escala nacional escolherem os seus candidatos, vimos a Frelimo a fazer campanha em todos os municípios, vimos altos membros do partido serem destacados para trabalharem em todos os municípios, e o resultado não poderia ser outro.

Contrariamente a aqueles que pensam que a Frelimo pode voltar a uma situação “de partido ditarial” porque vai governar sozinho, ou sem oposição, eu penso que sim a Frelimo tem Desafios na sua governação, mas também é verdade que a Frelimo tem sempre governado sozinho, porque não me recordo se já tivemos alguma oposição real ou no verdadeiro sentido político da palavra, salvo em alguns momentos intermitentes, pelo que, a Frelimo está habituada a governar sozinha, contudo temos é, que contribuir por forma que essa governação não seja em prejuízo dos munícipes.

Os Desafios da Frelimo, este era na verdade a essência deste texto, ou melhor de um texto que ainda não tive “maturidade” o suficiente para terminá-lo, porque é um assunto sensível e complexo ao mesmo tempo, mas vou de forma “law profile” dar os segmentos do que chamo de Desafios ao partido Frelimo.

Primeiro para dar segmento a esta abordagem é importante reconhecer que o estilo e os ditames da governação do Presidente da República centrando o discurso no distrito como pólo de desenvolvimento, auscultando as comunidades locais e precisamente colocando fundos para apoio as iniciativas locais, constituem a meu ver o principal enfoque para esta vitória retumbante.

Vem daí que constituí, ou deverá constituir prioridade para os novos Presidentes ter uma governação inclusiva e partcipativa, fazendo com que as propostas sejam homologadas na Assembleia Municipal, mas que elas tenham surgido das auscultações aos munícipes, que os planos a ser implementados ao longo dos 5 anos do mandato, sejam objecto de avaliação pública após um determinado período (por exemplo dois anos), que as estruturas municipais consigam deixar claro aos empresários, sobretudo aqueles que apoiaram as suas campanhas eleitorais, que estão agradecidos pelo apoio, mas os muncipíos não serão suas lojas, ou apartamentos, a lei terá que ser cumprida de forma igual para todos.

Bem, afinal o que é que nos propomos a enunciar como Desafios, não é nada mais nada menos que pedir ao partido Frelimo e seus candidatos que saibam conviver com a crítica, ela vai surgir, e deverá surgir, sobretudo quando for para fortificar e melhorar a gestão muncipal. Mas neste cenário de uma “esmagadora” vitória talvez não igual a que se espera que venha a registar com o Presidente Guebuza, que vai ganhar com uma margem aproximada aos 90%, espera-se que a Frelimo e os seus candidatos tenham uma alta capacidade de auto-crítica, um debate interno forte, sem ideologias ou linhas ou hierarquias políticas por forma a se encontrarem as melhores respostas para os problemas dos nossos municípios.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Jovens, vamos lá combater o HIV e SIDA!

Queria começar por me desculpar aos leitores assíduos deste caderno virtual, pois esperavam saber qual é o meu posicionamento com relação ao HIV e Sida. Bem, para não ser repetitivo e pouco cometido decidi fazer saber da minha contribuição, pelo que quero compartilhar convosco a Carta que escrevi a direcção máxima do Conselho Nacional de Combate ao SIDA na perspectiva de vos levar acreditar que queremos e podemos vencer o HIV e SIDA.

A responsabilidade no Combate é sob ponto de vista orgânico da responsabilidade das instituições coordenadoras, neste caso, o Conselho Nacional de Combate ao SIDA por isso os escreví, contudo, Amigo! Você pode fazer mais do que tem feito para reduzir o índice de HIV e SIDA em Moçambique, mas deve ser já.

Embora estejamos conscientes de que parte da solução do problema é da inteira responsabilidade do governo e da sociedade moçambicana pois segundo as palavras da Dra. Luísa Diogo “está em jogo a vida da Nação” (in Plano Estratégico Nacional 2005-2009) queremos deixar bem vincado que nós os jovens poderemos fazer muito mais do que temos feito, sobretudo quando se fala em mudança de atitude, ademais quando falamos de jovens com um assinalável grau académico, com algumas possibilidades económicas, como os leitores deste texto.

E como Jovem, uma das Respostas “criativa” própria de Jovem que podemos deixar aqui patente para além da indispensável mudança de comportamento e de atitude que deve ser liderada pelos indivíduos mobilizadores de massas, falamos de jornalistas, artistas, músicos, políticos, desportistas, actores, tendo um discurso e acções incentivando a fidelidade e a prevenção, isto é, incentivar com actos e acções que levem a que os nossos ídolos sigam os nossos exemplos, acredito que chegou a hora de nos nossos espectáculos, nos nossos programas de rádio e televisão, nos nossos jornais, nos nossos ambientes mais concorridos de lazer, criarmos “o minuto do Sida” uma espécie de um segundo de reflexão, onde se fala de indicadores, em que se responde a uma pergunta de cultura geral, um concurso qualquer sobre o assunto, pois de cal em cal, essa acção sem nenhum dispêndio económico, terá certamente o seu impacto positivo a curto médio e longo prazo.

Contudo penso que é consensual por parte dos jovens, por isso permitam reiterar que a vitória no combate ao HIV e SIDA só será certa quando nos for dada a oportunidade de participar de forma efectiva na concepção de políticas e estratégias para redução desta pandemia que está dizimar Moçambique, e foi com esse espírito que escrevi a direcção do CNCS a carta que vem em seguida:

Cordiais Saudações

“Não posso desistir, esta luta é nossa, esta guerra é dos jovens”

Em primeiro lugar queiram aceitar as minhas desculpas pelo facto de estar a apresentar-me por via do email, mas tem se mostrado extremamente difícil tentar abordar algumas ideias com V.Excia, certamente que por razões de agenda.

Meu nome é Noa Inácio, sou membro duma organização juvenil e actualmente, mas me mais confortável ao me caracterizar como um dos participantes na organização do I Encontro Nacional da Juventude sobre o SIDA.

Excia,

Sou daquelas pessoas, que quando participa em algo ou melhor quando acredito em alguma coisa tento e faço de tudo para levar avante mesmo que o habitual seja sermos desacreditados ou encontrarmos muitos constrangimentos pela frente. De recordar que uma das conclusões desse encontro é que a juventude deveria ser mais interventiva no processo de advocacia ou de modo geral ser a referencia no combate ao HIV e SIDA, razão pela qual foi proposto a criação de uma equipe de trabalho que haveria de liderar as acções futuras pós o I encontro e divulgar as conclusões do primeiro encontro.

Enquanto jovem, constitui uma derrota pessoal saber que até hoje nada foi feito e parece que nada será feito e sobretudo que corremos o risco de chegar ao II encontro e discutir as mesmas coisas e apresentar as mesmas conclusões. Mas porque todos os dias somos chamados a fazer e não esperar que alguém faça por nós, liderei uma equipe de jovens que desenharam um programa a que chamamos “Mapeamento Nacional” que consiste em estudar as causas e buscar as prováveis respostas para o crescente índice de contaminação pelo vírus em cada região, usando a teoria de “problemas locais e soluções locais” submetêmo-la apreciação do Conselho Nacional do Combate ao SIDA, e até hoje não fomos respondidos.

Excia,

“Não posso desistir, esta luta é nossa, esta guerra é dos jovens”

Tenho estado a registar ultimamente um crescente de actividades culturais e desportivas que “aglomeram” muitos e muitos jovens por causas nobres, desporto, dança, cultura, concursos ect, ect, e para o meu desagrado estes espaços não tem sido aproveitados para disseminação de uma mensagem sobre o HIV e SIDA os jovens aglomerados poderiam constituir um grande pólo de fazer passar a mensagem mas para o meu desagrado o CNCS não tem aproveitado estes espaços para acções de sensibilização e advocacia.

Muitas das vezes somos criticados por criticar e não sugerir, por isso estou em fase avançada na minha parceria com um jornal com objectivo de criar um espaço sobre o SIDA onde poder-se-á abordar não só sobre dados estatísticos, informações correntes, textos, mais também de algumas entrevistas sempre na perspectiva de aumentar o conhecimento e divulgar para vermos se invertemos a atitude dos jovens com relação a pandemia e são daquelas coisas que outros também podem fazer.

Excia,

Sou testemunha do cometimento que V.Excia tem por esta nobre causa “a luta contra esta grande pandemia” sou também testemunha do desapontamento pelo comportamento de risco que grande parte dos jovens tem levado a cabo, sobretudo nos espectáculos, praia, ect., ect, ainda assim acredito que o remédio é trabalhar, e trabalhar, trabalhar cada vez mais exactamente nos locais onde os jovens estão cada vez mais reunidos, trabalhar junto dos locais de lazer e diversão que aglomeram maior parte dos jovens, trabalhar com jovens com comportamentos de risco mas que ao mesmo tempo são mobilizadores de massas. Para isso estamos sempre, sempre, sempre ao vosso dispor.

Para terminar, queria mais uma vez pedir desculpas por usar o email para enviar algumas ideias. Uso este meio infelizmente porque a “burocracia” nem sempre permite-nos chegar até vós e ter discussões deste género, mas ficaria muito feliz se ficasse claro que este texto é uma demonstração clara de que nós os jovens queremos fazer e temos várias propostas para apoiarmos no combate ao HIV e SIDA, mas se não nos ouvirem se não nos convidarem dificilmente poderemos alterar alguma coisa.


“Não posso desistir, esta luta é nossa, esta guerra é dos jovens”

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

A POSIÇÃO DOS PARTIDOS POLÍTICOS NA ASSEMBLEIA MUNICIPAL DA BEIRA

QUE CENÁRIOS SE ESPERAM PARA DAVIZ SIMANGO NO MUNICÍPIO DA BEIRA

Permitam-me manifestar-me por esta via em consonância com as múltiplas intervenções que tenho estado a acompanhar quer pela Bogosfera, quer através de órgãos de comunicação em debates em que determinadas “personalidades” e em muitos casos por via de comentadores a discussão a respeito da vitória do Eng. Daviz Simango a presidência do município da Beira e muitas vezes são levantados cenários talvez não totalmente erróneos ou descabidos como diriam os mais radicais e que eu prefiro considerá-los pouco convincentes quando se analisa o cenário político no município da Beira.

A primeira leitura que deve ser feita é que o eleitorado da Beira me parece ser sui generis, uma leitura que os partidos políticos penso que estão a fazer ou já fizeram ou serao obrigados a fazer, sobre uma regiao caracterizada por um eleitorado que não só é firme nas suas convicções, mas sobretudo pelo facto de ter-se mostrado que os seus desejos estão para além de uma definição político partidária (de forças políticas) mas sim com base na continuação do projecto e obra do Eng. Daviz Simango no seu municipio.

É por essa razão que recebo com alguma dificuldade a maioria dos comentários que tem sido enunciados dando conta de que Daviz não terá condições de governar na Beira por não ter um suporte partidário na assembleia municipal e por essa via tanto a Frelimo que é o grupo maioritário como a Renamo a primeira coisa que vão fazer é chumbar o orçamento a ser apresentado pelo edil da Beira o deixando sem condições para dar passos seguintes ou de forma recorrente ir chumbando os projectos do Edil da Beira.

Apesar de ser um cenário pouco provável a meu ver, mas caso o plano orçamental de Daviz seja chumbado de forma recorrente e ele veja se obrigado a dissolver a assembleia convocando novas eleições o resultado é que Daviz Simango acabará vencendo as eleições com uma maioria absoluta para o grupo que suportar a sua candidatura e as forças políticas terão dado mil passos atrás, pois não há duvida que Daviz Simango foi votado pelos Beirenses independentemente da sua filiacao partidaria, e os mesmos farão de tudo para ver o edil dos seus desejos a dirigir o município da cidade da Beira.

Com relação as forças políticas é pouco provável que por forma recorrente chumbem o orçamento de Daviz ou inviabilizem a sua governação até ao ponto do Edil decidir-se por dissolver a assembleia, não só porque isso significaria um retrocesso individual e colectivo quer dos deputados da assembleia municipal quer dos seus partidos visto que o povo atento da Beira os daria um cartão bastante vermelho em outros pleitos eleitorais para o município da Beira mais ainda assim podemos seguidamente avançar algumas razões de carácter particular para cada partido que os forçaria a não tomar tais posicionamentos.

A Frelimo é um partido que se considera sério e maduro e tem estado a desenvolver acções para manter esta imagem sendo por este facto que o partido Frelimo difunde que a Renamo é um partido sem espírito patriótico e que não esta preocupada com o desenvolvimento nacional pois na Assembleia da República de forma recorrente tem estado a votar contra toda e qualquer proposta apresentada pelo partido maioritário, pelo que nao haveria de se auto-contrariar ou imitar aos imaturos da Renamo nas suas posicoes no municipio da Beira.

A partir deste ponto de vista é importante sublinhar que a seriedade da Frelimo estará em teste, em teste no município da Beira onde claramente a legitimidade de Daviz está em alta e aumentará a cada vez que lhe for feito “vida negra” no cumprimento do seu mandato. É verdade que alguns possam dizer que a Frelimo chumbou completamente o relatório de contas do presente mandato de Daviz, sim é verdade e continuará a apontar outras contrariedades na governação de Daviz mas de forma responsável, sem deixar de fazer política, e pessoalmente gostaria de ver a Frelimo esgrimir todo o seu talento que e inegavel para de forma justa e suada tomar a Beira.

Mas tenho algumas ou se não completas reservas para acreditar que o partido Frelimo paute por uma conduta reiteradamente contra a sua postura e atentadora duma convivencia democratica pois levaria a que o partido perdesse a confiança em si depositada pelo povo da Beira para ser o grande fiscalizador da execução das promessas do Edil da Beira. A Frelimo devera sim lutar para conquistar a Beira, mas para conquistar os Beirenses deve e é isso que vai seguramente fazer, devera controlar rigorosamente a governação de Daviz apontando os erros do Daviz em vez de não deixar que Daviz governe pois uma posição de inviabilização recorrente aos projectos de Daviz iria entrar contra a sua postura de partido maduro e sério o que teria reflexos negativos para esta forca politica ao nivel nacional.

Agora com relação a Renamo importa começar por informar que Daviz Simango apesar de ter sido proposta a sua candidatura pelo Grupo da Democracia da Beira, na sua campanha sempre convidou os eleitores a votarem na Renamo. É verdade que a direcção central da Renamo está em ruptura com Daviz com anuência de uma pequena parte dos líderes da Renamo na Beira, mas é importante destacar que a grande falange dos membros da Renamo votaram massivamente em Daviz Simango o que quer dizer que a Renamo da Beira ou a Renamo na Beira não está em ruptura com Daviz o que poderá acontecer é eleições de novos órgãos de partido ao nível da Beira e serão afastados da liderança (o grupo Mbararano) aquela pequena Renamo que não alinha com a Renamo da Beira, e com agravante de que mesmo que isso não aconteça a curtíssimo prazo, os deputados da Renamo a serem escolhidos para assembleia alguns acabaram votando de acordo com as suas convicções (pró Daviz) e não em estrito respeito as disciplinas partidárias.

Mais importante na análise ao partido Renamo é que a vitória de Daviz o relança numa provável liderança do partido num futuro breve e isto terá certamente efeitos na forma como os membros deste partido terão que se relacionar com o edil da Beira, quer os de nível central, quer os de nível provincial, pelo que o mais provável não é a Renamo chumbar o orçamento de Daviz, mas sim tentar uma aproximação e reconciliação com Daviz Simango.

Bem, de forma geral penso que com as hipóteses esgrimidas neste texto não deitam por terra os argumentos de que Daviz Simango terá uma governação difícil, pois terá, mas tentam mostrar que os partidos políticos com maioria dos assentos na assembleia municipal da cidade da Beira tem mais a perder se “inviabilizarem” por inviabilizar, isto é, tem mais a perder se não deixarem Daviz Simango governar, pois como alguém disse Daviz Simango é “populoso e populista” e como eu digo o eleitorado da Beira é bastante atento, por essas razões vaticino um mandato democrático, difícil, mas possível, para o município da cidade da Beira.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

19 de NOVEMBRO de 2008 . Eleições em 43 Autarquias de Moçambique

UMA ANÁLISE AS ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS EM MOÇAMBIQUE

Decorreram, no dia 19 de Novembro, no território Moçambicano, as terceiras eleições autárquicas, em 43 círculos eleitorais, em que se vão eleger os membros das assembleias municipais e os presidentes das assembleias municipais. Foi um acto que demonstrou a consolidação da consciência democrática do povo moçambicano, o que consequentemente, vai reforçar no "concerto" das nações a imagem de que Moçambique é um país com uma estabilidade política e a perseguir a tradição democrática.

Permitam-me aproveitar para referenciar que foi com alguma tristeza da minha parte que não registei no acto da campanha eleitoral os partidos políticos a excomungarem das suas fileiras ou a repudiarem os seus seguidores que tenham se envolvido em acções pouco abonatórias e que manchem o espírito de equilíbrio democrático e de livre participação política, mas acredito que poderá ter sido feito ao nível interno, mas dá um outro poder didáctico e demonstra maturidade quando estes posicionamentos cometidos em público, as suas medidas também sejam públicas, mas acredito sinceramente, que chegaremos lá.

Apesar de nas primeiras horas, as mesas de voto, terem registado alguma afluência massiva de munícipes, também é verdade que o nível de abstenção foi bastante alto e preocupante rondando numa estimativa preliminar dos 58%, ainda que se tenha registado um crescimento do nível de adesão com relação as últimas eleições. É imperioso que a sociedade encontre respostas para tão elevado número de abstenções, mas deve ser preocupação principal para a CNE/ STAE e os partidos políticos encontrarem essas respostas, para um facto que seguidamente avançamos algumas respostas.

Poderá ter sido um dos factores de grande abstenção o fraco trabalho de educação cívica realizado pelas instituições que organizam o processo eleitoral, lembrando que pouco se viu ou até mesmo não se viu a CNE juntarem grandes aglomerados populacionais explicando sobre a necessidade do processo sobretudo nas regiões peri-urbanas e zonas rurais, acompanhado de escolhas de candidatos que pouco e de forma nenhuma criavam confiança ao cidadão comum, ao mesmo tempo que víamos fracos programas eleitorais, ou projectos eleitorais que pudessem convidar aos indecisos, e apolíticos, aderirem ao processo.

Se no acto de recenseamento eleitoral, vimos computadores a fazerem o registo de eleitores, era imperioso ou melhor justificava-se que ao menos por cada assembleia de voto fosse instalado um computador com os dados completos dos membros da respectiva assembleia, por forma a permitir que todos quanto, tenham perdido o seu cartão, facilmente possam encontrar os seus dados, e assim efectuarem o seu direito cívico. Outro aspecto, no qual devemos melhorar é sem dúvida nos meios que estão a disposição quer os meios materiais e humanos, nos materiais me refiro a cadernos eleitorais com indicação alfabética, mais mesas de voto para diminuir enchentes e evitar desistências, e no que tange aos meios humanos, fazer uma triagem antecipada do pessoal e formá-los por forma a garantir que se tenham pessoas que estejam realmente preparadas por forma a atenderem de forma eficaz e eficiente a demanda dos munícipes.

As detenções de alguns candidatos nas vésperas da campanha, e sua libertação sem que se tenham permitido que fizessem uma campanha plena, são também algumas acções que retiram a competitividade do processo, isto é, a mensagem partidária não chega, os eleitores não aderem as urnas com a leitura de que o vencedor já se tenha encontrado.

Acredito que já é chegado a hora de alguns locais como, zonas agrícolas, mercados ou pontos de aglomeração de informais tenham mesas de voto, isto é, aproximar cada vez mais as mesas de voto a um grupo de pessoas que defendem com algum sentido que não podem perder um dia da sua actividade sob pena e risco, de colocarem o sustento da sua família em risco.

Estes são sem dúvidas alguns dos aspectos vividos neste processo que devem sem dúvida merecer alguma reflexão, e emendas quer por parte da sociedade, quer por parte dos partidos políticos ect. Ainda assim, existem alguns aspectos a volta deste processo que engrandecem em muito o nosso sentido democrático, e que expressam o crescimento de sentido de organização e de Estado.

Importa neste aspecto começar por clarificar que foi com alto sentido de Estado e grande sentido educativo que Sua .Excelência o Presidente da República fez as suas aparições neste processo, sabendo equilibrar entre as suas funções políticas e o as suas obrigações de Chefe de Estado, penso que é algo que deve ser registado e congratulado.

Neste diapasão seguem-se o trabalho isento desenvolvido pelo Conselho Constitucional que soube usar quiçá da equidade para resgatar a justeza no processo eleitoral, e o órgãos eleitorais que atempadamente colocaram os meios nos devidos locais e melhoraram consideravelmente o seu nível de organização.

Não podemos nos esquecer que neste processo a comunidade internacional não terá dado o seu GRANDE apoio, mas mesmo assim o Estado Moçambicano, soube fazer esforços para tornar possível o processo e de forma assinalável, e também o facto de grande parte dos observadores eleitorais serem nacionais, começamos desta forma a ser “donos” dos nossos processos eleitorais e principalmente começa a se iniciar um novo paradigma no relacionamento com a comunidade externa, isto é, passam a perder peso quanto a validação dos nossos pleitos eleitorais e também demonstramos que somos capazes de forma autónoma de “fazer coisas”.

Estas eleições tiveram a Beira como o centro das atenções, tiveram a Beira como o ponto mais alto da demonstração do nosso sentido de competitividade democrática, pelo que, quero antecipadamente alertar que a Beira pode ser contrariamente ao que muitos pensam, o ponto de inicio da decadência das forças políticas pré-estabilicidas no nosso cenário político, principalmente se tiverem um papel recorrente de “inviabilizarem” na essência etimológica da palavra a governação do Edil da Beira.

Feitas estas análises resta-me congratular a comunicação social, as forças políticas, aos grupos e movimentos de cidadãos, aos órgãos de organização eleitoral, aos cidadãos que exerceram o seu direito de voto, mas principalmente a todos os candidatos quer representados por forças políticas, quer de forma independente, pois estes quanto mencionei, tornam cada vez mais possível a construção e consolidação do ESTADO DEMOCRÁTICO MOÇAMBICANO.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

QUE LEITURA AO PRIMEIRO DISCURSO DO PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA – BARACK HUSSEIN OBAMA

O PRIMEIRO DISCURSO DO PRESIDENTE BARACK OBAMA


Como já tinha teorizado e analisado no passado mês de Junho, Obama candidato democrata venceu o seu último adversário o Senador John McCain e tornou-se no mais recente Presidente dos Estados Unidos da América apesar de que a sua tomada de posse será em Janeiro de 2009, e fez no dia 05 de Novembro de 2008, em Chicago o seu primeiro discurso, após ter sido reconhecida a sua vitória nas Eleições para Presidente dos Estados Unidos da América.

Estive desde a primeira hora de votação a acompanhar o desenrolar dos factos, as leituras dos resultados feitas pelas maiores cadeias de análise dos EUA que me chegavam através da CNN, pelo que, apesar dos números finais é importante reconhecer que a “teimosia” de McCain verificou-se nas urnas, não foi de todo fácil para Obama, lembro-me que os primeiros resultados na primeira percentagem davam algum avanço do McCain que acabaram tendo alguns avanços e retrocessos que culminaram com a inequívoca vitória de Barack Hussein Obama.

Por ter acompanhado o desenrolar dos factos tive também a oportunidade de ver as falanges de apoiantes de Obama a entrarem em Chicago no local onde Obama fez o seu primeiro discurso. Era um local de alegria, um local concentrado maioritariamente por jovens, com presença de adultos, onde se faziam presentes velhos, mulheres, crianças, negros, imigrantes, enfim, o povo norte-americano estava ali para ouvir o primeiro discurso do Presidente dos Estados Unidos da América.

A entrada de Obama deixou fascinada aquela multidão, e certamente a muitos cidadãos para quem Obama se dirigiu por via da Rádio, dos ecrãs da TV, pela Internet, e por a’i fora. No seu discurso Obama, disse que estava a falar para os Americanos, (Hispânicos, Afro-Americanos, Imigrantes, ect, ect), sem distinção de qualquer índole, tendo dito que os resultados da eleição constituem uma resposta aos que já não acreditavam nos princípios dos fundadores dos EUA, é uma resposta para aqueles que acreditam que o principio mais nobre do povo Americano é a Democracia e não a força das armas ou da sua economia.

Obama, parabenizou ao povo Americano por ter sido paciente em esperar longas horas para exercer o direito de voto, e usou mesmo o exemplo de uma cidadã de mais 106 anos que apesar da sua idade votou, lembrou essa cidadã q viveu os períodos de opressão, e o fez para que os filhos dos netos dos seus netos não tivessem a mesma sorte dos tempos passados, ou seja, para que o futuro fosse mais risonho para América.

O primeiro discurso de Obama, após saber da sua vitória Eleitoral, apesar de ter o mesmo brio na oratória, ser profundo e apaixonante, não foi similar aos discursos de campanha, Obama começou a preparar o povo para dias difíceis, ou melhor dias de incompreensão, aquilo a que chamo de dias de Governação, que serão claramente dias diferentes, com acções e discursos um pouco fugidos das declarações de campanha, tendo sobre este aspecto, solicitado uma antecipada compreensão por parte de todos, pois segundo ele apesar de continuar a ser Obama, “eu serei também o vosso Presidente” e penso que este foi um dos momentos sob ponto de vista de liderança de grande importância.

A característica profunda de Obama e de homem digno não ficou esquecida nesta sua primeira intervenção como “Presidente dos Estados Unidos da América” tendo justificado as suas qualidades com a forma elegante como tratou o seu adversário (John McCain) dizendo que o congratula pela forma como transmitiu ao longo de todo os anos, inclusive nesta campanha, o seu amor para com a causa Americana e é uma das pessoas com quem certamente vai querer colaborar para restaurar o sonho Americano.


YES WE CAN.

“Sim nós podemos”.
No seu discurso Obama vezes sem conta atingiu de forma profunda aos milhares de apoiantes, enunciando uma série de desafios que América tem pela frente mas que serão alcançados, com a colaboração de todos, tendo mostrado quando abordou a sua mensagem para o exterior de que pretende ser um Presidente amigo da paz, mas que não exitará em perseguir e derrotar aqueles que pretenderem levar o mundo ao caos ou o caos ao mundo.

O novo Presidente dos Estados Unidos na sua hora de discursar não esqueceu de fazer menção a sua equipe de trabalho, o seu Vice Presidente Joe Biden, a sua esposa, filhos, familiares, os directores de campanha, estrategas eleitorais, os apoiantes, as figuras, enfim recordou que o seu triunfo era uma obra de equipe e que essa era a marca de mudança que pretende trazer.

De facto Obama é o primeiro Presidente negro dos EUA assim se viu na foto de família, na passagem dos familiares na hora de saudação de agradecimento aos apoiantes, mas eu prefiro lembrar a todos que Obama é muito mais do que isso, é o Presidente dos Estados Unidos da América, e na madrugada de hoje, no seu discurso, começou a afastar-se do candidato de forma não muito abrupta, mas demonstrou o que já tínhamos avançado, existe uma grande diferença entre os discursos de campanha e os discursos do Presidente de qualquer Estado, ademais, um Estado com responsabilidades mundiais como é o caso dos Estados Unidos da América.

Felizmente, as Cartas de congratulação pela vitória de Obama chegadas desde a Venezuela, Israel, Palestina, União Europeia, Quénia, Japão, Cuba, e demais países mostram que o mundo está em torno de Obama, um factor que pode ser determinante para que Obama opere o tão apregoado CHANGE in USA que terá impactos pelo mundo inteiro. “ENFIM, OBAMA NO SEU DISCURSO NÃO DEIXOU DE SER PROFUNDO MAS DEIXOU AS PRIMEIRAS MARCAS DO REALISMO DE QUALQUER PRESIDENTE NORTE-AMERICANO”

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

A CRISE FINANCEIRA GLOBAL

DA CRISE ECONÓMICA NORTE-AMERICANA A UMA CRISE MUNDIAL

Em Agosto de 2007 veio ao de cima uma crise no sector financeiro norte-americano desencadeada pela procura no mercado imobiliário. Uma crise que é o reflexo da recessão económica de 2000-2001 e de 2003 em que o mercado de habitação foi promovido para estimular a retoma da economia através de um fornecimento de linhas de créditos bancários sem muito rigor de análise das capacidade dos cidadãos e nem mesmo sem rigor prático bancário exigido para créditos a longo prazo. Isto levou a que muitos cidadãos tivessem acesso a esses linhas e como muitos deles não conseguiram cobrir os empréstimos aos financiadores de hipótecas (bancos), e pela quantidade de empréstimos não cobridos, os bancos tiveram altas perdas mas também geraram um alto nível de endividamento, com o agravante de que os gestores dos sistemas finaneiros iam recebendo altos salários e compensações que contribuíram para o ruír do sistema financeiro norte-maricano.

Mas porque as economias dos países, principalmente os mais desenvolvidos do globo está praticamente atada uma a outra e os bancos representam o grande elemento de conexão dos mesmos, através de empréstimos, de garante de investimentos e de depósitos de capitais que envolvem grandes empresas e grandes corporações internacionais sediadas em várias partes do mundo foi assim que como que num estalar de dedos que os outros centros económicos entraram automaticamente em crise facto que pode se testemunhar com o efeito das bolsas de valores globais que teve também um efeito e acompanhou as leituras dos mercados globais.

Actualmente esta crise já deixou de ser uma crise do sector imobiliário, ou simplesmente do sector bancário, ela passou a afectar directamente o funcionamento de corporações privadas, afectou a confiança dos utentes bancários com relação aos juros empregues, baixou a proporção de consumo e consequentemente travou o nível de investimentos o que não só vai gerar mais desemprego, vai quebrar as expectativas de crescimento de vários países, levando a falência muitas e grandes empresas e Estados levando ao colapso do sistema financeiro global.

Certamente que os bancos centrais das economias mais desenvolvidas tiveram que intervir, não só para evitar que vários bancos fossem a falência levando consigo investimentos de muitas famílias o que certamente geraria um drama social com grandes repercurssões, mas principalmente com objectivo de travar o colapso do sistema financeiro global o que poderia ser um factor mobilizador de uma grande depressão social a escala global com consequencias imprevistas.

Nos Estados Unidos onde a crise se desencadeou foi desenhado o plano Paulson que deu lugar a uma injecção de 700 biliões de dólares para não permitir que bancos acabassem por ruír mas ainda assim está claramente perspectivado a queda de mais alguns bancos e seguidamente a União Europeia reuniu-se urgentemente para combater a crise com medidas únicas falando numa só voz numa altura que as grandes economias como a Alemã estão em fase de contração, a Islândia uma das mais robustas economias globais está a beira da falência. Neste cenário a grande pergunta que se faz é o que se espera para os países menos desenvolvidos como Moçambique.

As leituras de vários economistas e de instituições financeiras internacionais como o Banco Mundial e FMI dizem que a crise vai atacar largamente aos países que estão intimamamente ligados as economias globais o que não é o caso de grande parte dos países Africanos ou em vias de desenvolvimento e que por exemplo a África do Sul pode ser uma das economias que possa sofrer parcialmente, ou indirectamente, pois o seu nível de exposição as grandes cadeias económicas globais são muito superiores dos países como Moçambique.

No entanto é preciso entender que se por exemplo para Moçambique o problema do preço de combustível era um problema, deve ficar claro que com a crise o combustível vai caír, mas pelo facto das grandes economias encontrarem centrados na resolução dos seus problemas económicos que terão que ser assistidos a médio e longo prazo, poderemos ter alguns problemas, visto que com a queda no consumo, os grandes investimentos que geram rendimentos que possibilitam o apoio aos países em desenvolvimento vão travar ou até mesmo parar e certamente que as grandes linhas de apoio aos PVD vão conhecer algumas limitações, os investimentos previstos para os PVD terão que ser repensados pois vai se assistir uma minunciosa atenção a empregabilidade de capitais porque as grandes companhias e economias certamente que quererão investir em projectos de lucros seguros e a curto prazo.

O facto de capitais Africanos representarem menos de 5% do comércio global parece-me que deveria constituir um factor actrativo para aos grandes investidores globais, pois a crise foi gerada numa tentiva de promover a retomada da economia a partir dum mercado extramamente concentrado, o que certamente teria outro impacto se fosse usado um mercado “virgem” como o Africano, onde certamente a um fraco poder de compra facto que tambem poderia constituir uma oportunidade, pois deveriam ser privilegiados sectores que não só poderiam fortificar as capacidades do consumo africano mas poderiam constituir um factor de complementaridade dos mercados globais, Africa saíria a ganhar e o mercado global também, mas certamente esta e uma recomendacao a ser levada aos grandes economistas, as corporacoes financeiras internacionais e porque nao ao Grupo de Paises mais industrializados do mundo.

Nesta altura em que se diz que o pior ainda está por vir, esperemos que os detentores dos capitais globais “desconcentrem” a localização dos investimentos e tomem medidas acertadas para dar resposta a crise e podemos adiantar que os sinais da recessão de 1929 estão lançados, e a crise poderá chegar a essa dimensão. No entanto vai jogar um papel fundamental a forma como as economias globais vão lidar com as economias periféricas e a busca da confiança do sistema financeiro das grandes economias pelo que esperemos que a declaracao de garantia de liquidez por parte dos Estados aos bancos traga a confianca necessaria para o sector financeiro global.

Um alerta especial deve ser chamado aos dirigentes e gestores financeiros das economias periféricas como Moçambique, para que comecem a desenhar acções para se desamarrarem “urgentemente” da dependência externa e para que não só fiquem atentos ao xadrez económico global que vai sendo desenhado, mas que comecem a enunciar medidas tendentes a contrabalçar a crise pois num futuro muito breve estas economias vão experimentar dias difíceis que vão agravar a já difícil situação de vida dos seus povos.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

O CONFLITO NO CÁUCASO E ASCENÇÃO DA RÚSSIA

A NOVA RÚSSIA - O ERGUER DE UMA SEPERPOTÊNCIA

Os factores Geopolíticos e geostratégicos, sao alguns dos mais destacaveis na analise e comportamento dos Estados na defesa dos seus interesses vitais, e estes devem ser vistos como um conjunto de elementos e condições ou agentes de natureza geográfica e estratégicos susceptíveis de serem operados na construção de modelos de interpretação da realidade Política.

O caso da Russia e sui generis no que tange ao enquadramento destes factores no alcance do interesse nacional, e constituiram ao longo dos termpos factores determinantes no delinear da sua Politica Externa. Estamos claramente a fazer saber que os factores geopolíticos e geostratéticos constituem os elementos pivotais quando se pretende perceber como a Rússia tem conquistado o seu poderio ao longo dos séculos, e podemos de forma teórica garantir que estes factores, justificaram o conflito no Cáucaso, e como se fez referencia estes factores podem nos ajudar a compreender o reerguer da nova Rússia.

O erguer da Rússia é uma realidade. Uma realidade baseada na sua ascenção e “controle” da região do Leste Europeu, desafiando a aspiração do alargamento da União Europeia ao esférico geográfico das ex-Repúblicas Socialistas Soviéticas, pois foi sempre o controle desta região que justificou a condição de grandeza da Rússia, acima de tudo uma ascenção com o grande mérito de ser acompanhada pela consolidação da sua economia sendo das que mais cresce ao nível do globo, com o grande ganho de estar anualmente a registar altas taxas de décrescimo do desemprego, aumentando o poder de compra, garantindo assim a melhoria das condições de vida dos cidadãos Russos.

Queremos recordar que apesar da Rússia ter saído no final da II Guerra Mundial totalmente atingida pela guerra o que a deixou em condições deploráveis, ainda assim elevou o seu Status de suporpotência devido ao seu poderio militar mas foi sobretudo pelo facto de ter conseguido estender a sua influência política e ideológica pelo mundo fundamentalmente sobre o Leste Europeu que a Russia atingiu a sua grandeza no globo.

E com ascenção de Vladimir Putin para comandar os destinos do Kremlin, não só veio colocar o fim na recessão deixada por Yelstin e Gorbacthev mas fundamentalmente veio dar um rumo a Rússia, abrindo portas para um “captalismo” que só permitiu o erguer da economia Russa com uma gestão dos jazigos de petróleo e gás que ajudaram a consolidar e equilibrar as relações com a Europa, uma espécie de captalismo não doutrinário, que não rompeu com os grandes alicerces de domínio Russo, baseados num forte controle do Estado, pouca abertura para as liberdades civicas, e um apoio económico aos países da região que foi permitindo garantir a Rússia a influência junto da região. A governação de Putin aproximou a Rússia da Europa na condição de parceira, baixou a tensão com os EUA, e fez com que a Rússia ganhasse um lugar de destaque no concerto das nações.

Esta consolidada governação de Putin no Kremilin que teve de ser terminada por força da Constituição, uma vez que já não podería se recandidatar a um terceiro mandato, apesar do povo assim o desejar, está sendo seguida por Dimitr Medvdev, ademais, o Presidente Russo, tem como seu Primeiro Ministro, Vladmir Putin, de tal modo que está claro que a Rússia abriu um espaço para que Putin continuasse a dar segmentos ao seu projecto de ascenção política, económica e militar da Rússia.

A diplomacia americana que lêu (tardiamente) a ascenção da Russa, constatou claramente que a Europa já não estava em condições de "travar" a ascenção Russa, e que pelo contrário, a estabilidade Europeia e o seu crescimento dependiam em grande medida da Rússia. Foi nesta leitura em que os EUA viram uma Europa cada vez mais "presa" a Russia que determinou o avanco da Diplomacia Americana na tentativa de travar o avanco da Rússia rumo a captura do Leste Europeu, uma região fortemente dividida por fronteiras étnicas. A medida inicial americana foi a proposta de reconhecimento da independência do Kosovo, contra a vontade da Sérvia e da Rússia e no campo estratégico decidiu com justificação de proteger interesses norte-americanos, instalar escudos antí-misseis na Polónia.

Todas estas acções levadas a cabo pelos norte-americanos não só representam que a Rússia começa a ser uma ameaça cada vez mais real para os EUA sob ponto de vista de hegemonia mundial e que estas acções visam não permitir que a Rússia volta a recontruír o seu grande império, mas se olharmos atentamente para a "cautela" com as quais elas são desencadeadas revelam que os EUA reconhecem o poderio Russo.


A aspiração Europeia de alargar a sua coligação para países vizinhos da Russia, isto é, as ex-Repúblicas Soviéticas, bem como para a tentativa Norte-Americana de travar o controle Russo da região do Leste Europeu, não tardou e foi a que a UE e os EUA menos esperavam, uma vez que a Rússia invadiu o Cáucaso atacando a Geórgia de Mikhail Saakashvili destruindo infra-estruturas estratégicas e militares como é a ponte Kaspi que assegurava o abastecimento de petróleo do Azerbaijão á Geórgia e Arménia, uma invasão que teve a justificativa de constituir um travao a itenção de Tbilis em recuperar a força a região separatista da Ossétia do Sul protectorado Russo.

Como resultado desta intervenção que culminou com a declaração de independência da Ossétia do Sul e da Abkházia que foram copiosamente reconhecidas pela Rússia em resposta ao caso do Kosovo, a Rússia não só passou uma mensagem de domínio para países com os quais não tem óptimas relações (Polónia, República Checa, Ukrânia, etc, etc) para além de ter colocado mais distante da UE a Georgia e a Ucrania, mas também demonstrou que a Europa não está em condições de enfrentar vigorosamente a Rússia. Acima de tudo esta intervenção foi fundamental para que a Rússia desse um grande avanço para alcance do seu “grande” interesse de controlar efectivamente o Mar Negro.

Como resposta ao propósito dos EUA de colocar os escudos antí-mísseis na Polónia, a Rússia enviou para Venezuela dois bombardeiros estratégicos da Força Aérea Russa “Tupolev-160” e vai realizar com estes país manobras de treino militar envolvendo vasos de guerra com mísseis nucleares e convecionais aviões da marinha, como que a caminho de se instalar estratégicamente na Cuba ponto geostratégico muito importante para conter as acções militares norte-americanas anti-rússia.

Todas estas acções desencadedas por estas potências e/ou Estados são melhor lidas a luz da teoria de jogos que é um método formal e matemático de análise do processo de decisão em situações de conflito ou de crise e podemos desde ja dizer que pelo nivel de accoes desencadeadas entre os contendores este e um jogo equilibrado.

Sem dúvidas que estas acções terão algum impacto negativo para a Rússia, principalmente porque a Europa vai intensificar os esforços de saír da relacao de dependencia em que se encontra com a Rússia devido aos recursos energéticos (petróleo e gás) e pelo que se sabe a Inglaterra já anunciou um encontro para discutir o uso de energias renováveis, isto terá certamente repercussões no crescimento económico Russo fortemente dependente dos recursos energéticos, mas como se sabe sao projectos, que tem o seu tempo para a sua materializacao.

Ainda assim, a grande análise que se deve retirar das acções desencadeadas quer pela Rússia ou contra a Rússia, como se fez referência no título e no desenvolvimento do texto, é que a grande Russia esta se erguendo, construíndo a nova Rússia , que pode não ser necessariamente similar as fronteiras do Grande Império Russo, mas certamante que a longo prazo o mundo verá erguer-se a Nova Rússia também muito forte e com grande capacidade de influência global.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

MARXISTAS ONTEM; JOVENS HOJE

O QUE É SER JOVEM AFINAL?

Bem, comemorou-se no passado dia 12 de Agosto o Dia Internacional da Juventude. Foi assim em todo o mundo e em Moçambique não foi excepção, em todas as províncias foram organizados eventos para assinalar a data e confesso que não participei nesses eventos porque não podia mas tambem tenho que ser aberto e dizer que nao me identificava com as agendas programadas, isto é, esperava grandes temas, para grandes problemas, como os são os da Juventude Moçambicana.

Mas mesmo sem ter participado nas comemoracoes enviei mensagens de felicitações para amigos, figuras, dirigentes, colegas que tem dado muito de si em prol da Juventude Moçambicana e mais uma vez quero neste texto reiterar o meu aceno de reconhecimento pela entrega e dedicação pelo trabalho desenvolvido por essas muitas pessoas que apesar das contrariedades tem tentado fazer pelos Jovens.

A discussão sobre o papel da Juventude na promoção do desenvolvimento nacional em Moçambique começou a bastante tempo, razão pela qual nos tem sido inculcada a existência de uma geração na qual nos devemos inspirar, a geração de Jovens que deixou de lado os seus sonhos, e aspirações para lutar pela independência do povo moçambicano do jugo colonial Português e com muito querer e sacrifício essa geração vincou, hoje somos um Estado, uma Nação, um país com trinta e três anos de Independência, devemos isso ha alguns jovens, aos Jovens Marxistas de Ontem.

Essa geração que lutou pela independência deste país, adoptou o Marxismo como linha de orientação para organizar o Estado, e o fez sem saber muito bem o que era isso de Marxismo, mas devo dizer que em algum momento o fizeram tão bem que no início dos anos 80 o país teve dos melhores índices de desenvolvimento económico da historia deste pais. Bem, quando me “atrevo” a dizer que adoptaram o Marxismo sem saber muito bem o que era isso me socorro exactamente dos escritos e depoimentos que jovens dessa era tem nos brindado hoje através de livros, entrevistas,debates, artigos de jornais, ect, mas sobretudo porque pessoalmente me é e continuará sempre difícil de perceber como alguém que a trinta anos atrás, só trinta, era um ferrenho Marxista, um adepto incondicional da estratégia de economia centralmente planificada, tenha passado hoje a banqueiro, capitalista ademais a um capitalista selvagem sem um minimo espaco para o Estado, este ser abstracto que tanto defendo a sua existencia em solo patrio, o que me leva a concluir que é nenhum momento (OS JOVENS DE ONTEM) tenham sido ideologicamente defensores por conviccao de alguma corrente, isto e, nao foram nem Marxistas ontem, nem capitalista hoje, apenas meros actores figurantes em função das oportunidades e circunstâncias que a conjuntura interna(CIONAL) foi ditando.

É sempre bom que ao exteriorizarmos as nossas ideias os leitores como é o nosso caso percebam o alcance da nossa mensagem. Por isso deixa-me dizer que chamamos aqui os Marxistas de ontem que eram jovens quando realizam as suas façanhas históricas e que estão voltando a sê-lo hoje depois de terem sido velhos e moribundos por uns bons e largos vinte e tal anos, para nos ajudar a compreender o que é isso de ser jovem e qual o papel do Jovem no seio de uma sociedade, particularmente, do que é que a sociedade Moçambicana espera dos seus Jovens.

Ora, chegados a esta fase em que os factos estão mais ou menos colocados de forma simplista deixa-me dizer o seguinte: O meu conceito de Jovem não comunga com o conceito legalmente estabelecido, pelo que me consta sao por lei jovens os individuos dos 15 aos 35 anos. NÃO, para mim Jovem é definido por uma palavra que bem caracteriza aos jovens “irreverência”, deve ficar claro que o sinónimo de irreverente, não é e nem pode ser desmando ou desmantelador.

Vem daí que assisti com algum encanto a nomeação para o Comité Central do Partido Frelimo, de alguns jovens “de idade” que acreditei que por essa via traziam alguma irreverência, pois assim, naquele nível decisório poderiam colocar de forma irreverente passe o termo, alguns problemas que apoquentam a Juventude Moçambicana, poderiam ser mais interventivos naquilo que são os desígnios da governação actual, esperava que fossem promotores de debates externos na busca de soluções para o Governo poder responder com sabedoria e mestria aos desafios em que nos encontramos mas para o meu desagrado e desapontamento de muitos irreverentes, estes jovens se mostram mais velhos que os próprios velhos, amarrados a dogmas que os próprios velhos vão aos poucos “desmachando”, estáticos, e perfilados em posicionamentos nao muito convincentes, com medo de agir e de fazer, enfim, não estamos a tirar o proveito que augurávamos de ter jovens nesse grande pólo de decisão, certamente e sem dúvidas chegaremos lá, mas como de habitual fora do timing.

Mas para a minha satisfação alguns velhos descobriram que a irreverência é a característica básica da Juventude por isso descobriram depois de muito tempo que ainda é possível ser se jovem, e nesta lista imensa de “vellhos” irreverentes deixa-me dizer que são muitos mas quero destacar alguns, (Namburete, Sérgio Vieira, Alice Mabote, General Jacinto Veloso, Jorge Rebelo, Armando Guebuza, Joaquim Chissano, Graça Machel.......) olha a lista extensa, não que sejam muuuitos, pois eu assim o desejava e seria benéfico que o fossem aos milhares, mas esses são alguns dos poucos velhos que nos tem brindado cada um na sua hora e a sua moda com declarações e atitudes que poucos de nós teria a coragem de tomar, aquilo a que chamo de decisões irreverentes próprias de jovens, que infelizmente nós os jovens de idade somos moldados para não as tomarmos sobre o risco de vermos o comboio das oportunidades passar.

E então vejamos, num país em que grande parte da população é jovem porque é que continua sendo tabu quando ainda que com esmero e competência adquiridas e comprovadas vê-mos um jovem a tomar cargos de destaque? Este é um país que não pode viver exclusivamente do passado deve e merece ir para frente, mas também temos uma história rica que nos pode servir para aprender algumas coisas. Alguém se lembra ou se terá esquecido que os Marxistas de Ontem eram jovens quando tomaram o poder do jugo colonial para proclamar a Independência Nacional, e que ainda Jovens dirigiram esta nação até hoje que estão a rejuvenescer?

Quero ser sincero, este texto não termina aqui, terminará quando os Jovens deste país unirem-se em prol do desenvolvimento nacional, quando definirmos uma agenda clara e mecanismos de actuação para marcarmos a nossa geração, o que só poderá acontecer quando os Jovens Moçambicanos, nos mais diversos ramos de actividade, dos diversos partidos, das diversas secções assumirem o seu verdadeiro papel de irreverentes pois os exemplos dos Marxistas de Ontem nos mostram que em algum dia teremos que recuperar o tempo perdido como temos acompanhado. “PARABÉNS AOS IRREVERENTES”.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

RUMO A CONSOLIDAÇÃO DA DEMOCRACIA EM MOÇAMBIQUE

PARABÉNS GUEBUZA E PARABÉNS CRÍTICOS


Primeiro começar por dizer que escrevo este artigo porque tenho acompanhado desde a última sessão extraordinária do comité central da Frelimo, em que o Presidente do partido Frelimo, o Excelentíssimo Senhor Armando Guebuza proferiu a sua resposta para aqueles que na sua visão atacam os esforços do governo sem no entanto apresentarem alternativas e por essa razão ter desencadeado pela imprensa e conversas acesos debates de análise do Discurso do Presidente da Frelimo.

Sem querer entrar “naquele debate”, mas porque sou daqueles que defendem a existência do Estado ou se quisermos daqueles que lutam para existência do Estado me importa clarificar que Armando Guebuza esteve a falar como Presidente da Frelimo, e na minha análise na sua qualidade de Presidente do Partido que governa esteve simplesmente muito bem, mas muito bem.

Fugindo um pouco do cerne do que se pretende abordar neste texto, deixa-me dizer que enquanto analista político eu ficaria extremamente admirado se o partido Frelimo não respondesse com a devida “dose” aos seus detratores, pois politicamente ao meu ver seria uma espécie de quem cala consente, e isso teria em algum momento o seu preço, infelizmente, a nossa “obsoleta” oposição como diz um dos críticos, não tem nos brindado com contra-propostas a Revolução Verde, Bio-combustíveis, daí que em minha análise política temos que ser coerentes e dar parabéns a Frelimo pelas alternativas apresentadas, embora eu ache que tenham que ser muito bem estudadas e aprofundadas, mas em Política fala-se de planos, de alternativas e este partido diferentemente de todos outros partidos e alguns críticos, nos apresenta propostas.

Voltando “a vaca fria”, ora eu como defensor do Estado luto pela existência de uma democracia consolidada querendo desta forma dizer que aqueles que criticam Guebuza tem para mim razão de sua existência, desde que o façam com fundamentos e com perspectiva de construir e melhorar o estado de coisas e não simplesmente de banalizar. Por via disso, também acho legítimo que no mesmo espírito democrático e de liberdade de expressão Guebuza Presidente da Frelimo possa dentro das suas fronteiras partidárias, responder aos detratores do seu governo, visto como entidade administrativa que gere o Estado. Sem querer contribuir para confundir as coisas,permitam-me aproveitar dizer que no mesmo espírito o Chefe de Estado também teria o meu aceno positivo desde que não fosse ali, naquele local, e não usasse os mesmos termos, pois de Presidente do Partido ainda que seja do partido que está a governar para Presidente do Estado Moçambicano há e deverá sempre haver uma grande diferença, mas para o bem, não foi o caso.

Bem, como disse não quero entrar “naquele debate” mas que fique claro para todos quem dita o carro em que o Presidente anda, o seu aparato, como deve ser montado este não é um exercício de responsabilidade partidária é sim um elemento do Estado, por essa razão queria tentar ajudar a clarificar que não são os meios que Guebuza usou para se locomover que o fariam ser Presidente da Republica naquela sessão se nao chegariamos a questionar onde donde ele saiu, isto e, se vem da ponta vermelha e porque era o Presidente da Republica, amigos nao e tao literal assim. Olha, este não é um malabarismo gramatical, como diz o meu ilustre “amigo”, é sim uma verdade existem elementos em toda a parte do mundo que separam as responsabilidades políticas e de Estado e nisso só o próprio discurso de Guebuza é peremptório e claro em desfazer quaisquer equívocos.

Agora, é importante também reconhecer algumas coisas, sobre os direitos e obrigações de um funcionário do Estado, quem os marcara faltas ou coisa parecidas, mas bem esta não é abordagem que pretendo trazer neste pequeno ensaio, mas é certamente algo a tomar em conta, pois como disse a construção e consolidação do Estado Moçambicano (enquanto um conjunto de GOVERNO, POPULAÇÃO E TERRITÓRIO) ser dos meus objectivos centrais.

O que eu quero realmente dizer é que está a se construir ou seja a consolidar paulatinamente o exercício do poder Democrático, a nossa Democracia não é para o Inglês ver, existe e existe mesmo, no entanto devo concordar com Excelentíssimo Presidente da Frelimo, que críticos há que aceito e congratulo a sua existência mas devem começar também a falar e apresentar propostas de soluções credíveis e sobretudo saber valorizar o que de bom é feito.

Mas para terminar deixa-me agradar a um amigo especial e dizendo PARABENS CRÍTICOS E PARABENS GUEBUZA, pois vós, estais a consolidar o nosso regime democrático, os vossos debates certamente vão criar novas dinâmicas para o desenvolvimento desta nossa bela e amada pátria apesar de estarmos ânciosos de ver nascer a nova fase em que se discutem planos e contra-propostas, mas chegaremos lá.

Como sói dizer, TENDO DITO MUITO OBRIGADO.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

O PRÓXIMO PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA- BARACK OBAMA?!


THE NEXT US PRESIDENT BARACK OBAMA?!


“Tenha sempre medo ao negociar mas nunca tenha medo de negociar”
J.F.Kennedy citado por Barack Obama


Apesar de vivermos numa Ordem Mundial, cada vez mais multipolar, onde encontramos para diversos assuntos Estados mais determinantes que outros, como por exemplo, na tecnologia, na agricultura, no Turismo, no Desporto, na Defesa, enfim, em cada assunto quase que há um Estado mais promissor, isto é, encontramos uma espécie de potencia do sector. Mesmo com esta multiporalidade em que se vive na ordem vigente, os Estados Unidos da América, continuam sendo um Estado com grande capacidade de influência sobre assuntos internacionais, continuam sendo um Estado com um papel central nos assuntos mais candentes a nível global, podemos citar, os casos de Iraque, Médio Oriente, Afeganistão, Protocolo de Kyoto, Direitos Humanos, Ajuda ao Desenvolvimento, etc.

Reafirmada a dimensão que os EUA tem para o mundo, factor que se pôde também constatar com os visíveis efeitos da sua crise imobiliária, atendendo a forma como se repercutiu pelo mundo colocando em risco o sistema financeiro global, queremos convidar ao estimado leitor, para a grande questão que aqui queremos abordar, as Eleições nos Estados Unidos da América, em que acabaram tendo como candidatos em função das eleições nos dois partidos com grande expressão, Barack Hussein Obama pelos Democratas e Jhon Mcain pelos Republicanos.

Estas eleições, que se vão realizar numa altura em que o mundo vive uma crise alimentar, vive uma inconstância no preço do petróleo, assiste uma crise financeira global, crescimento global do nível de desemprego, factores que vão gerando instabilidade em diversos Estados, sobretudo nos países mais desenvolvidos e que acaba tendo sempre consequências nefastas sobre os menos desenvolvidos como é o caso de Moçambique.

É também pelas razões acima descritas, que as eleições de 4 de Novembro nos Estados unidos estão a despertar uma atenção espectacular e invulgar junto dos americanos e do mundo em geral, pois elas são vistas como parte da solução para estes problemas que afectam o mundo. Analistas existem que destas eleições dependendo de quem for o vencedor do escrutínio podem-se agravar os desequelibrios e instabilidade global, o desrespeito pelas normas ambientais e acelarar o colapso do sistema financeiro global.

Direccionando a análise sobre os elementos que mediatizam estas eleições não podemos deixar de fazer menção para o facto de uma mulher a Senadora Hillary Clinton ter se batido com galhardia na luta pela nomeação Democrata, como também pelo facto de Jhon Mcain apesar de não ter sido o Candidato favorito ter ganho os seus adversários ainda na primeira volta. Um elemento que não gosto de fazer menção, mas acredito que não pode ser ignorado é que Barack Obama pode ser o primeiro negro a dirigir os destinos do país mais mediático do mundo, o que não só mexeria com história da “Casa Branca” como também marcaria um novo rumo na história do país do lendário George Washington.

É um pouco complicado, dizer que vou falar de Obama, mas penso que posso apresentar hipóteses de trabalho sobre a quase que certa Presidência de Obama, isto baseado nas entrevistas, nos discursos, nos textos de/e sobre Barack.

Uma das grandes bases de análise para compreender Obama foi uma carta que de Obama respondendo ao João Craveirinha que tive a oportunidade de lêr, e posso dizer que apesar de não ter um cariz político serviu para que eu tivesse uma impressão do lado pessoal de Obama, e em análise Política, existe um nível de análise chamado analise do indivíduo, como ele e as suas características pessoais, podem influenciar na condução dos destinos do Estado o que serviu para eu perceber que Obama se preocupa com a impressão que as pessoas tem sobre ele e sabe ouvir e trocar impresses factores importantes para um líder tomar decisões, em suma, como individuo é assessoravel.

Mas como se sabe o grande trunfo de qualquer admnistração norte-americana é a forma como vai engedrar a Política Externa e através duma de suas entrevistas falando em Texas sobre a sua Política Externa, pode ser consultado www.ontheissues.org/2008_Dems_Texas.htm, não só fiquei com a impressão de que Obama pretende trazer um novo rumo para Política Externa norte-americana como também de que Obama estava a ser demasiado inovador para aquilo que é a realpolitic de United States.

Também é importante reconhecer que dos factores que tem estado ao seu favor destacam-se as lacunas da Admnistração Bush como é o caso ao nível externo, a intervenção no Iraque e o facto dos EUA ainda não terem capturuado Bin Laden, assim como ao nível interno, a recente falencia de bancos e consequente crise do sistema financeiro norte-americano que deixou na incerteza e penúria muitas das famílias norte-americanas de média e baixa renda.

Deixa me dizer que a primeira ilação que retiro de Obama é que é muito bom Politicamente, isto é, sabe aproveitar os seus pontos fortes, é muito astuto, e rápido ao agir, como pessoa é muito profundo, escolhe as palavras para dirigir a cada pessoa e em cada momento, as suas grandes virtudes são o saber reconhecer quando erra. Foi com essa astúcia que Obama escolheu para o cargo de Vice-Presidente Joe Biden que não só é um grande expert em Política Externa com vários e muitíssimos anos ligados ao sector mas principalmente, pelo facto de ter sido um dos maiores se não o maior seu atacante no seio do partido dos democratas, não sera um Yes Man, mas sim um verdadeiro colaborador, o que lhe torna mais forte ainda.

Agora, será que essas qualidades são suficientes para o que os Americanos e o mundo esperam do próximo Presidente dos Estados Unidos da América? Penso que apartir dai avaliação deve ser feita com base nas perspectivas que Obama pretende trazer para a Política Interna e o rumo da Política Externa da sua Admnistracao.

O facto de Obama apregoar que pretende operar “mudanças” pode ser visto como um discurso político, de propaganda, eleitoralista, o que pode ser um elemento contra as suas aspirações, visto que CHANGE é uma palavra muito forte para as classes já muito estabilizadas, as grandes Companhias monopolísticas, os grandes barrões, ect, apesar de CHANGE ser ao mesmo um sinal de esperança para a grande maioria de famílias de baixa renda, negros, mexicanos, imigrantes, e outros grupos sociais, que vêem nisto uma oportunidade de mais apoios aos carenciados, basicamente de redução das desigualdades sociais, e principalmente de uma Americana cada vez mais unida e segura.

Penso que o facto de Obama fazer do seu grande trunfo a Política Externa, definindo Políticas que harmonizam as expectativas do mundo para com os EUA onde defende o fim da presença Americana no Iraque, defende que vai aumentar ajuda ao desenvolvimento aos países em desenvolvimento, vai normalizar as relações com Cuba, está aberto a discutir com líderes de países adversários dos norte americanos (Venezuala, Corea do Norte, Irão, Siría) vê na China um competidor e não inimigo, a Europa um parceiro, são aspectos que claramente marcam uma roptura com o passado, abre novas perspectivas de uma América mais próxima dos problemas globais e menos agressora do mundo, uma espécie de um Realismo Defensivo.

Obama, não se vê como homem dotrinário, isto é, diz que não vai existir uma Doutrina Obama, mas é certo que o que Obama pretende trazer como Políticas é um desafio para sí, e para os Americanos porque vai lhes obrigar a terem uma outra postura para com o mundo algo que os Americanos não sabem o que é e aqui espero sinceramente que as outras raízes Africanas de Obama apareçam para ajudar os Americanos a saberem ser parceiros, influenciarem o mundo como o “desejam” mas através de políticas de aproximação e não de retaliação.

A um facto que poderá surpreender a Barack Obama. É que as dinâmicas globais, e orgulho norte-americano, são dois assuntos que não podem ser vistos simplesmente numa perspectiva de Campanha Eleitoral, são muito mais profundas do que isso. Hoje, Obama converge em sí apoios até de figuras influents no partido Republicano como é o caso do Secretário do Estado Powell esta grande expectative em torno da sua pessoa pode ser também um factor contra sí pois os Americanos pretenderão ver urgentemente as mudanças, os resultados, e se as dinâmicas globais continuarem negativas, Obama poderá ver a sua popularidade baixar muito para além do que imagina contribuindo para nunca conseguir aglutinar os Americanos para o Change tanto desejado.

Certamente, quem estiver a ler o texto sentirá uma dose de dúvida com relação ao futuro Presidente. Concerteza, é própria duma análise sobre algo difícil de teorizar porque da Campanha a liderança existe uma enorme, mas enorme distância, isto é, o que no discurso é fazível, na realidade pode não ser implementável, sobretudo nos EUA onde a Realismo sempre prevaleceu e numa altura em que as dinâmicas da economia global surpreendem a tudo e todos.

Quando analiso as dinâmicas mundiais faço sempre o exercício de vêr em que medida elas podem trazer de benefício para África e Moçambique em particular. Neste contexto, acredito que após Obama estabilizar as dinâmicas internas, com apoio dos Americanos, conseguir reduzir os impostos das famílias de media renda, garantir os imóveis do povo Americano, até isso acontecer, África e Moçambique em particular terá perdido grande parte da atenção da Admnistração Obama que tem muito por restruturar internamente.

Superadas as dinâmicas internas, penso que o que Obama pode de melhor oferecer a Africa não é simplesmente aumentar o volume da ajuda externa, é ver África como um parceiro, incentivar investidores norte-americanos a implantarem grandes projectos em Africa, a deslocalizarem capitais, tecnologias e Know How para erguer África e tronar um centro de comércio global, pois África tem recursos para ser uma referência no sistema financeiro global.

Se admnistração Obama resolver grandes dinâmicas globais, como são os casos da estabilização das relações dos EUA com o Irão, Venezuela, Iraque, vai certamente contribuir para baixar e equilibrar o preço do petróleo, e aumentar a esperança para os países menos desenvolvidos, em suma de forma indirecta vai criar um mundo mais pacífico e de forma indirecta vai ajudar e muito África pois havera menos fluxo de capitais para efeitos militaristas aumentando as oportunidades de apoio ao desenvolvimento e de promoção de novos investimentos.

Estou convicto que o sucesso da Admnistração Obama depende dos Americanos e para isso é importante reconhecer que há pessoas que tem um grande papel para possível boa governação de Obama falo por exemplo de Hillary, Bill Clinton, Al-Gore, Edwards, Rice, Powell e muitos outros influentes, que sem precisar de estar na Administração Obama, terão que ir dando o seu suporte quer ao povo, quer ao Presidente, pois pretende ser operada uma mudança para a qual os Americanos não estão nem habituados e nem preparados.

De uma coisa deve ficar claro, Obama tem tudo para ser o próximo Presidente dos EUA e relançar a imagem dos EUA pelo mundo, apesar de também ser muito claro que o realismo d’Obama próprio dos grandes líderes Americanos poderá o fazer mudar radicalmente surpreendendo a muitos, menos a aqueles que sabem que as Relações Internacionais são dinâmicas, e que existem muitas sinuosidades nas relações e nos interesses norte-americanos pelo mundo fora, mas estaremos aqui para testemunhar the CHANGE in United States.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

A PROBLEMÁTICA DA HABITAÇÃO PARA JOVENS EM MOÇAMBIQUE

Por: Dr. Noa Inácio

“A PROBLEMÁTICA DA HABITAÇÃO PARA JOVENS EM MOÇAMBIQUE”

Gostaria de começar este texto com uma citação a S.Excia Presidente da República, usando uma máxima frequente nos seus últimos discursos “Quem não sabia que o custo de vida é alto”. Penso que todos estamos convictos de que existe uma carência de Habitação em Moçambique, sobretudo para os jovens, e estamos reunidos neste fórum exactamente para encontrar propostas de soluções, e não para fazer um quórum de lamentações, e de expressão de sentimentos pessoais. Não estamos aqui, para dizer que os jovens não tem habitação, pois é um facto, e muito menos para lembrar quais as responsabilidades desta ou daquela instituição, mas sim para encontrarmos respostas a esta problemática.

A Habitação é uma das necessidades básicas que toda a população procura satisfazer e é considerada como uma necessidade social elementar na maioria das sociedades. E nos países em desenvolvimento, como Moçambique, as populações sofrem acentuadamente para resolver esta necessidade fundamental, e neste caso em que os jovens representam o maior grupo populacional, estes é que mais sofrem sobre o Problema de Habitação. As características físicas da habitação, o número de residentes em cada habitação, especialmente o material de construção e o acesso a serviços básicos, são indicadores da qualidade de habitabilidade dos seus membros, mas também espelha o nível de vida dos agregados familiares.

Obter Habitação, apesar de ser um problema generalizado, constituí ainda acessível a uma pequena minoria, facto que pode ser facilmente comprovado através duma análise sobre as altíssimas taxas de juros efectuadas para a compra de um imóvel, ou ainda olhando para o preço de arrendamento de uma casa, estabelecidos, pelas agências que financiam crédito á Habitação e pelas agências imobiliárias, numa situação em que nem as corporações bancárias conseguem satisfazer a demanda, pois oferecem juros altos, que rondam nos 16 a 29 por cento, com um prazo de pagamento muito limitado.

Como se manifesta o problema de Habitação no seio dos Jovens

Primeiro é importante reconhecer, que o problema de Habitação em Moçambique, apesar de se fazer sentir com maior incidência sobre a camada Jovem, este problema afecta também a diversas camadas da sociedade moçambicana, isto é, tanto a adultos assim como velhos . No seio dos adultos e velhos muita das vezes o problema tem sido as condições das Habitações, a falta ou as longas distâncias das infra-estruturas sociais, e também o grande agregado familiar. Mas no seio dos Jovens o problema de Habitação é sentido duma forma clara, isto é, pela falta, ausência, de Habitação, explicada pela dificuldade no acesso a terra, falta de condições financeiras para construir a casa própria.

Se no Campo, ou seja nas zonas rurais a construção da casa é feita com recurso a material local que é relativamente de fácil acesso, os jovens que começam a ter outro nível de auto exigências começam a enfrentar problemas para obter recursos para construir uma casa melhorada comparada a dos seus progenitores, ainda assim, no campo porque o acesso a terra ainda é relativamente facilitado, os jovens tem encontrado problemas quando pretedem proceder a legalização dos seus terrenos ou das suas casas.

Mas é nas Cidades onde o problema de Habitação, para jovens é mais acentuado, pois é nas Cidades onde se encontram os maiores aglomerados de jovens a procura de melhorar as suas expectativas de vida. O tipo de habitação que se “exige” nas Cidades torna bastante oneroso para as posses da maioria de jovens; nas Cidades o acesso a terra têm sido uma grande barreira olhando para o rendimento financeiro da maioria dos jovens, pior cenário é visto quando se fala de venda de terrenos em espaços já parceladas pelas estruturas municipais; As zonas da cidade com infra-estruturas sociais já estão extremamente superlotadas, não havendo espaços para novas habitações, entre outras razões que colocam as Cidades como o ponto fundamental sobre o qual o problema deve ser atacado.

Quais os factores que obstaculizam à obtenção de Habitação pelos jovens

O facto de nos termos reunido para propormos soluções para PROBLEMÁTICA DE HABITAÇÃO, não nos deixa esquecer que muitos outros têm obrigações na resolução deste problema, e avançamos mesmo com alguns dos empecilhos que urge sanar nesta luta de encontrar soluções, tais como para o acesso a) a inexistência duma estratégia de habitação em Moçambique; b) a política da banca que não é facultativa para que os jovens tenham residência própria, pois o acesso a credito não toma em conta a realidade financeira da maioria do jovem Moçambicano; c) a expansão das infra-estruturas sociais não é feita com intuito de “desafunilar” as cidades que estão por demais superlotadas; d) apesar da lei de terra ser clara e peremptória ao definir que a terra é propriedade do Estado, não se vende, assiste-se a venda de terrenos/ talhões a preços proibitivos para um jovem que deseja a seguir construir a sua casa própria; e) apesar de ser do domínio público que o problema da Habitação em Moçambique, afecta maioritariamente aos jovens estes não têm merecido prioridade nos novos parcelamentos, que são feitos pelas estruturas municipais.

Poderia ter levantado vários constrangimentos, que estão a volta da problemática de Habitação, mas prefiro sintetizar em dois (infra-estruturas, e acesso a terra) isto por ter a convicção de que esses são os factores sobre os quais pode-se fazer uma intervenção imediata, por parte daqueles que pensamos ser os grupos mais interessados (governo, autoridades municipais, jovens) na busca respostas para “a problemática de habitação” e do descongestionamento das cidades, e estou ciente de que estes são os factores que facilmente podem atraír os restantes sectores fundamentais para a resolução do problema da Habitação (banca, instituições de financiamento, sector privado ao nível da construção, ect, etc,) e desta forma, dar-se-ia passos significativos na busca de soluções para o problema.

· Infra-estruturas- Quando falamos em infra-estruturas nos referimos basicamente, ao acesso a água, energia, escolas, hospitais, rede telefónica, vias de acesso, que a serem expandidos a par de uma estratégia de urbanização e alargamento das cidades certamente poderiam ser criadas por essa via grandes oportunidades de acesso a habitação para os jovens, isto é, novos pólos de aglomerado populacional.

· Acesso a Terra- Para mim este é o factor Central para resolver o problema, isto é, caso se faculte o acesso a terra e sua legalização para os jovens a título gratuito estes por sí acabarão por construír visto que as elevadas somas que cobradas na venda dos espaços, não são do alcance dos jovens, e quando conseguem ter depois já não estão em condições de erguer o seu projecto residencial.

Que Soluções se colocam para ultrapassar esta problemática

Certamente, que a busca de soluções para qualquer problema é um processo continuo, e para este problema que é essencial, fulcral, e que é um problema que afecta a grande maioria da população moçambicana os jovens, não vai ser diferente, vamos avançar com soluções sim, mas certamente que carecerão de ser melhoradas ou adequadas com as realidades futuras.

Ø Por isso, a primeira solução para “A Problemática de Habitação em Moçambique para Jovens” é que sejam definidos grupos prioritários, isto é, já identificamos as cidades como o local onde deve merecer maior atenção e nessa linha podemos discutir que tipo de jovens devem merecer especial atenção, jovens reunidos em associações? Recém-Casados? Finalistas e Recém formados? Jovens no primeiro emprego?. Definido o grupo base, poder-se-á dar seguimento com mais firmeza.

Certamente deve se encontrar um grupo concessual e abragente, mas principalmente um grupo que sirva de referência, isto é, um grupo sobre o qual todos estejam em condições de chegar a fazer parte do mesmo. Penso que nesta linha de idéia o melhor grupo sería os recém-graduados, pois a ser assim, a várias externalidades positivas, os jovens vão se empenhar cada vez mais para terminar o curso, pois caso graduem poderão ter um terreno, isto, não só estimularia o crescimento dos índices de aprovação escolar, mas também os jovens poderiam gerir melhor os seus parcos recursos financeiros, pois estariam a preparar a construção da casa própria

Ø Estou cada vez mais convicto de que se por exemplo as novas zonas a serem parceladas na cidade de Maputo (Costa de Sol e Catembe) fossem privilegiados grupo de jovens e lhes fosse isento de valores os processos de tramitação da burocracia da legalização, estes estariam em condições de procederem a construção de suas habitações, e seria um grande input na resolucao da problematica. O exemplo acima indicado, pressupõe que quer os novos parcelamentos a serem feitos ao nível das Cidades, ou os novos planos de urbanização estimulem a “desaglomeração” das cidades tendo como sujeitos prioritários os jovens.


Ø Estou convicto que o esforço principal deve ser na concessão de terra, de talhões de terrenos como quisermos, porque a experiência ao longo do tempo, já provou que com terra as pessoas estão em condições de construir Habitações para o seu nível Social e económico. Por isso, acredito que se nós os jovens, tivermos terra/talhões, construiremos as nossas casas, e por consequência as empresas de água, energia, telefonias, a banca, acabarão por estender os seus serviços a esse novo pólo habitacional. Quería terminar manifestando a minha crença em como a resolução da problemática da Habitação para Jovens em Moçambique, passa sem dúvida por facilitar o acesso a terra aos jovens, quer nos novos parcelamentos que estão sendo feitos ao nível das cidades, ou através de definição de espaços que possam ser ocupados pelos jovens para estabelecer as sua habitação.


Porque estive sempre convicto de que vinha para um DEBATE académico, e que não trazia soluções, mas provocações, trouxe também algumas questões de reflexão.·

.Como resolver o problema de falta de acesso a terra, ao nível de grupo ou a título individual?
· Que mecanismos podem ser usados para convidar a Banca a apoiar o projecto de Habitação para os Jovens, quando este tiver terra?
· Nós os jovens estamos preparados para deslocar-se dos Centros Urbanos vivermos em zonas sem numa zona sem infra-estruturas, com intuito de atrairmos esses serviços para o novo bairro?

NB: ESTE TEXTO QUE PARTILHO CONVOSCO, NESTE MEU CADERNO VIRTUAL, FOI COMPILADO PARA UMA COMUNICAÇÃO QUE ME FOI SOLICITADA PELA ASSOCIAÇÃO DOS ESTUDANTES FINALISTAS E UNIVERSITÁRIOS DE MOÇAMBIQUE (AEFUM) NO DIA 10 DE MAIO DE 2008, NO ANFITEATRO DA RESIDENCIA UNIVERSITARIA N8.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

A MUDANÇA DO STATUS QUO NO ZIMBABWÉ

O FUTURO BREVE DO ZIMBABWÉ

Deixa-me começar por dizer que estou consciente de que devia ter escrito algo mais profundo sobre as eleições no Zimbabwé, mas quero me desculpar aos leitores habituais deste caderno virtual, mas as obrigações profissionais não me permitiram terminar uma série de textos que estavam sendo preparados.

O futuro breve do zimbabwé, é um título sugestivo mas ao mesmo tempo complexo e por consequencia difícil de ser teorizado. Deixa-me explicar este paradoxo se quisermos assim conceber, dizendo que escrevo o texto numa altura em que as notícias que me chegam dão conta que Diplomacia Silenciosa,, está a tentar encontrar alguma solução para uma saída airosa para o anúncio dos resultados finais, ou seja uma solução sustentável, do anúncio de quem sera o próximo Presidente Zimbabweano, sublinhando que para as eleições locais estão sendo conhecidos localmente os resultados.

Bem, para mim a intervenção da máquina diplomática que move, engendra, perpetra a Diplomacia Silenciosa, é que me permite dizer que esta intervenção vem mostrar claramente que no Zimbabwe, está preste a se mudar o Status Quo, mas com esta intervenção a região mostra também que está interessada em ser parceira do próximo Presidente Zimbabweano, ou seja de rapidamente apoiar o Zimbabwe a saír da situação em que se encontra.

Chegado a esta fase de mudança de Status quo, penso que a maneira como as elites locais de momento estão se comportando em relação aos pre-anúncios dos resultados eleitorais, sem vandalizações de muita calma, preocupados com a resolução pacífica da Região, mostra que os Zimbaweanos no geral, que os partidos politicos em particular estão em condições de anunciar o próximo presidente sem se assistir actos de vandalismos e constituír exemplo impar no mundo subdesenvolvido, pois estamos a falar de eleições que não tiveram observadores Ocidentais, sublinho, por este facto a mudança do Status quo vai trazer muitas reflexões, no que corresponde, a crucialdade dos Observadores Ocidentais, para validade das eleições nos países subdesenvolvidos.

Um dos grandes assuntos que deixou Mugabe e a Zanu-FP a ter apoio de grande parte dos cidadãos Zimbaweanos, sobretudo nas zonas rurais, foi a reforma da terra, onde a generalidade da percepção era de que Mugabe tinha tirado a terra dos farmeiros brancos para passar aos negros nativos, e neste ponto posso seguramente avançar que mesmo com a mudança de Status quo, a terra não voltará a ser retirada dos negros aos brancos, mas certamente que vão ser criadas leis e regulamentos que façam com que a terra volte a ser gerida de forma sustentável.

Com relação as estruturas policiais e militares leais ao regime de Mugabe, a experiência manda dizer que em casos de natureza, durante algum periodo sem dúvida, que se vai assistir alguma desorientação ou descordenação no seio das mesmas, mas sem grandes sobressaltos, e depois de algum período terão que encontrar-se pessoas fiéis ao novo Regime para comandar a hierarquia militar zimbabweana, e aí sim esses problemas serão superiorizadas com a própria vontade e necessidade de retornar a normalidade pelas forças vivas da sociedade.

Contudo, quando leio os jornais, vejo as notícias, debates sobre as Eleições, em que pouco se fala sobre o futuro, mas o facto de todos quase que de uma voz única pedirem a mudança no Zimbabwe, penso que só vem, alicerçar a minha hipótese, de que o Zimbabwe vai registar uma mudança pacífica, com alguns distúrbios próprios de uma mudança, mas com apoio garantido dos Estados da Região, mas que abre um precedente para a análise da preponderância dos Observadores Ocidentais, para validar os nossos pleitos eleitorais.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Uma análise às Remodelações no Governo

Por: dr. NOA INÁCIO


Uma outra visão sobre as remodelações no governo



Queria começar por dizer que assisti, aquele debate organizado pela TVM, na última quinta-Feira 13 de Março, do qual aplaudi bastante, apesar de não o ter assistido na íntegra porque por vezes ia mudando de canal para ver o debate do mesmo dia e quase a mesma hora na STV, onde por sinal fiquei com a leitura de que Dhlakama cresceu e muito o nível do seu discurso.

Deixa-me ser franco em dizer que faço alusão ao debate da TVM, porque quero congratular os painelistas, se é que se diz, pela forma brilhante como souberam navegar sobre a política misturada com academia sem perder de vista que estavam a falar para os diversos substractos que compõem o povo Moçambicano, apesar de me parecer, que o jornalista ou apresentador se quisermos não ter estado a altura do debate, com aquelas personalidade de grande craveira académica, e sem dúvida, que me lembrei dos meus bons momentos de estudante, quando ouvia aquela personalidade falar, aquele que chamo de espinha dorsal na formação de um quadro Isriano, o Dr. Patrício José, o pai dos “quadros”, e tambem penso que ficou patente mais uma vez o crescimento da nossa qualidade de dbate, e seguindo o pensamento do outro, estao assim cimentadas as condicoes para perspectivarmos o desenvolvimento nacional.

Porque não foi para falar de debates em televisão que escrevo para blogosfera, deixa-me lembrar a quem tiver lido o meu último texto in noainacio.blogspot.com com o tema “As manifestações de 5 de Fevereiro” terá visto que no seu último paragrafo, chama-se a todas as camadas da sociedade para tirarem ilações do 5 de Fevereiro, porque um país como nosso altamente dependente da comunidade externa, deve se preparar para o que a conjuntura internacional está oferecer, a subida crescente e constante do barril, a crise económica nos EUA, o decrescimento do poder de compra dos moçambicanos, e sinceramente penso que sao poucos os sectores que tem despendindo tempo para encontrar essas solucoes, apesar de que de acordo com as suas atribuicoes legais esse papel ser também seu, isto é, so para citar alguns exemplos, qual é a resposta que os grupos sociais, centros de estudos, academias, associações estão apresentar para solucionar tais problemas.

Indo directamte ao titulo do texto, deixa-me dizer que estou muito longe de imaginar o que levou o Chefe de Estado a proceder a sua última remodelação ao governo, mas a minha modesta percepção do cenário político, deixa-me teorizar que a dimensão daquela remodelação não terá directamente relação com o 5 de Fevereiro como um processo de manifestação, mas sim reflecte uma busca de respostas aos problemas estruturais que avancei estarem na origem do 5 de Feveeiro.

Quero com isto dizer que o Chefe de Estado já tinha de per si engendrado uma manifestação que se difere da do 5 de Fevereiro por que a de S.Excia Sr Presidente foi ordeira, nessa manifestação o Chefe de Estado, pessoalmente manifestava pelo estado de coisas, pela falta de resposta neste, naquele e provavelmente em muitos outros sectores, e estudou uma decisão, que penso que veio a ser confirmada na sua visão com a manifestação de desagrado popular de 5 de Fevereiro, de que devia encontrar um mecanismo para dizer que algo não vai bem, e foi aí que acabou remodelando o executivo, bem como diz o Sociólogo, é uma hipótese de trabalho.

Se estiverem acompanhar o meu raciocínio, estarão a compreender que pretendo lançar a hipótese segundo a qual as remodelações surgem como uma ilação do Chefe de Estado, anterior ao 5 de Fevereiro, porque se não, a meu ver não faria sentido a mexida de alguns sectores que em nada tem a ver, nem com combustíveis ou com transportes, assuntos que estiveram como ponta do iceberg no que se refere ao móbil de 5 de Fevereiro.

Agora se alguém avançar que as remodelações reflectem uma resposta ao 5 de Fevereiro, sem olhar para o mérito da decisão num sentido se vai ou não trazer benefícios aos sectores, penso ter sido uma resposta adequada por parte do Chefe do Estado, na medida em que ele mostra que tenta perceber o povo, procura encontrar respostas para os anseios do povo, e usa das suas prerrogativas, para encontrar respostas para os problemas do povo, mas mais uma vez deixa-me repetir, alguém mais deve dar prosseguimento na busca de respostas nacionais porque o Chefe sozinho, não resolve tudo.

Queria terminar dizendo que sinto que existe muita gente, grupos sócias (académicos, políticos, empresários, associações e mais) que me parece que estão numa situação de que estão espera de que da ponta vermelha saíam todas as soluções, estão na expectativa de ver os novos Ministros trazerem soluções, quando os jornais, as televisões, as salas de debate, porque não dizer o governo atraves dos seus diversos bracos, está sedente das suas propostas de soluções para resolver o problema do crescimento constante do preço do barril de petróleo no globo, do crescimento do índice de contaminação por HIV/SIDA, da criminalidade, do desemprego, da falta de habitação juvenil, etc, pois és professor, académico, deputado, empresário, cidadão comum,etc, daí que é também sua atribuição e em alguns casos até de primeira instância, encontrar respostas para tais problemas.

terça-feira, 4 de março de 2008

CHEIAS EM MOCAMBIQUE

Gestão de Cheias em Moçambique: Do Problema à Procura de Soluções
De: Pedro José Zualo

Numa tarde dessas eu sentado no meu confortável gabinete, recebí um email, de um colega de carteira no curso de Relações Internacionais e Diplomacia, um amigo, o dr. Pedro Zualo. Bem, deixa-me dizer que não era um email qualquer, era um email que mecheu com a "minha auto-estima", mudou o "status quo do meu orgulho", pois tive sempre para mim que daquela turma ninguém escrivia, que alguns reflectiam mas nos bastidores, e não é que o dr Zualo surpreendeu-me positivamente, com um texto carregado de reflexões, análises de grande alcance, que mereceram o meu aceno de reconhecimento.

Não exitei, e nem duvidei por um instante, pedí que me permitisse publicar integralmente o seu texto no meu blog, o que me foi concedido. Num gesto de reconhecimento da dimensão e valorização do texto, mas também como um mecanismo pelo qual mais pessoas, sobretudo aquelas que leêm regularmente discutem na blogsfera, de poderem ter acesso, e comentarem, as reflexões do dr. Zualo sobre a Gestão das Cheias em Moçambique.


Os danos provocados
pelas cheias de 2008 em Moçambique, ilustram os limites da actual política de gestão de risco, alicerçada em medidas reactivas inadequadas (preocupação com as cheias, apenas ao ritmo e na sequência da sua ocorrência). O actual sistema de gestão de calamidades naturais no país não elimina o risco de cheias, mas cria essa ilusão. A crença nos discursos em presença junto das autoridades governamentais, com responsabilidades de gestão do território favorece a permanência das populações nas áreas susceptíveis de cheias. A par do aumento da vulnerabilidade de pessoas e de infra-estruturas em áreas de risco, os danos provocados pelas cheias evidenciam a fraca capacidade institucional para gerir a crise, induzida pelo síndroma de atrofia da vigilância” (Freudenburg 1999).

Na prática, o sindroma de atrofia da vigilância traduz-se na desatenção e negligência face a episódios ou incidentes que, noutras circunstâncias, poderiam funcionar como sinal de alerta para o agravamento da situação e consequente acção preventiva e atencipada. Indagna se as cheias anteriores (cheias de 2000) que fustigaram e devastaram na região sul de Moçambique não terão sido interpretadas como o máximo expectável e, portanto, descurada a vigilância.

Estes fenómenos vêm levantar a discussão sobre o modo como se tem gerido o risco de cheias e os espaços adjacentes às linhas de água em Moçambique. A política de gestão de calamidades tem sido, no país, muito marcada por um défice de implementação (distanciamento entre o plano de intenções, objectivos e resultados no terreno). Têm-se privilegiado soluções inadequadas e especulativas para efeitos de controlo do risco de cheias, subestimando a ciência e tecnologia.

O indicador desta tendência é a referência que o actual programa de contigência de calamidades faz à falta de eficácia e ao carácter pontual com que os regimes de regras, respeitantes às possíveis medidas, são aplicados em Moçambique. No entanto, a questão das cheias tem que ser um assunto presente no centro político nacional, com vista ao debate para adopção de medidas relativas à avaliação e gestão de calamidades naturais. O país deve ter capacidade e recursos para seguir padrões meteorológicos, prever impactos e avaliar riscos, de modo a fornecer aos seus cidadãos informação de qualidade para reduzir a sua vulnerabilidade.

A necessidade de se adoptarem medidas integradas é, portanto, pertinente. A pesquisa minuciosa para a identificação das áreas com risco de cheias deverá ser um dos passos à orientar técnicos, académicos, comunidades locais e decisores políticos sobre a ocupação destas zonas.A habitação nas áreas com risco de cheias pode passar por um reforço de medidas que devem constar nos instrumentos legais do planeamento e ordenamento territorial e, implementados à escala nacional. O conhecimento mais pormenorizado destas áreas pelos técnicos,decisores políticos e cidadãos é um aspecto fundamental no planeamento e ordenamento territorial, principalmente em áreas onde a pressão populacional é elevada.

Julga-se, que mais do que indicar, se deve inovar ao nível das actuais medidas de gestão de calamidades. Entende-se que devem existir medidas alternativas à proibição ou condicionamento à habitação em zonas adjacentes ou susceptíveis de serem inundadas. Com efeito, deve-se estimular e reforçar a existência de medidas que regulamentem as áreas susceptíveis à inundações. Como foi referido acima, a restrição à habitação pode, nalguns casos, revelar-se ineficaz, alvo de resistência da população e desadequado em face da magnitude do risco na área em questão.

Nestas circunstâncias, a mitigação do risco pode fazer-se através do estímulo à construção de habitações observando técnicas adequadas ao local susceptível às cheias, por exemplo a elevação do edifício acima da máxima cheia provável com um determinado período de retorno.

A um outro nível, julga-se que impera uma grande indefinição quanto ao papel do Estado, da administração local e das populações em matéria de mitigação do risco de cheias. Destaca-se o pouco interesse que os órgãos de governação local têm para integrar o risco de cheias nas políticas de planeamento e ordenamento territorial. Quer por fraca percepção de riscos ambientais, quer por dificuldades em solucionar conflitos de interesses, os órgãos locais podem não aderir a medidas científicas e tecnológicas de mitigação do risco de cheias. Com efeito, julga-se que é necessário inovar ao nível do processo pelo qual as medidas são postas em prática e clarificar os papéis dos actores responsáveis pela gestão de calamidades.

As autoridades governamentais, juntamente com as comunidades locais e outros actores intervenientes são, portanto, fulcrais em qualquer política de gestão do risco de cheias. Em Moçambique, a situação demonstra que a co-responsabilização destes parceiros ainda é fraca em processos de tomada de decisão. Nesse sentido, considera-se, sobremaneira importante o papel da população neste processo. Entende-se que a informação e a formação das comunidades que vivem em locais susceptíveis de risco constituem medidas primordiais na mitigação do risco das cheias. À semelhança do que acontece com técnicos e decisores políticos, deve-se insistir numa consciencialização, numa cultura de prevenção de risco, numa educação ambiental do risco para a população de regiões com risco de cheias.

A ausência de informação, falta de infraestruturas (diques de protecção/barragens ambientalmente viáveis) e fraca educação ambiental junto das populações e a fraca preparação das autoridades governamentais e de outros actores intervenientes para a emergência diminuem a capacidade de antecipação da ameaça, aumentando, deste modo, a vulnerabilidade das comunidades. Nestas circunstâncias, qualquer onda de cheias, não monitorada pelo sistema de gestão implementado, pode tornar-se fenómeno imprevisível, onde a gestão da crise ocorre a reboque dos acontecimentos (cheias no Vale do Zambeza), com consequências desastrosas (avultados danos humanos e materiais).

Julgo por essas razoes ser de caractér urgente, que Mocambique caminhe apressadamente no sentido sair deste ciclo vicioso em que a preocupação com os problemas, concretamente com as cheias surge apenas ao ritmo e na sequência da sua ocorrência, e com esta minha reflexão, quis dar o meu contributo, pois certamente, outros terão outras visões, propostas, mas sempre no sentido de rapidamente, deixarmos de ser vítimas de um fenómeno natural, do qual periódicamente, nos bate a borta, obrigando que já estivessemos prontos para lidar com o problema.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

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dr.Noa Inácio
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noainacio.blogspot.com


As violentas manifestações na Província e Cidade de Maputo pelo aumento das tarifas dos transportes semi-colectivos vulgos "chapas"



Na sequência do agravamento do preço do barril do crude no mercado internacional, que chegou a atingir os padrões máximos de 100$ o crude, levou a que o preço dos combustíveis em Moçambique sofre-se também o agravamento de 31 mt para 35 mt o litro, factor este que motivou com que os transportadores semi-colectivos vulgos “chapas”, tivessem que reajustar as suas tarifas para fazer face ao aumento do preço dos combustíveis, passando de 5 mt/7,5mt para 10 mt.

Foi na sequência deste aumento que assistiu-se no dia 5 de Fevereiro de 2008 a uma revolta social jamais vista na capital do país, em que “o povo pacífico” mostrou uma atitude pouco habitual em situações iguais, uma vez que, tais manifestações chegaram a tomar proporções alarmantes, que chegaram até a ser claramente de vandalismo, isto é, destruição de bens particulares, lojas arrombadas, carros queimados, escolas sabotadas, cidadãos espancados e extorquidos, enfim, uma série de acções perpetradas por aproveitadores e oportunistas desonestos, em nome de uma manifestação sobre o aumento do preço do chapa.

Na tentativa de controlar a onda de instabilidade e no esforço de manter a ordem e tranquilidade públicas, a Polícia da República de Moçambique foi chamada a intervir, e a meu ver não esteve a altura de uma manifestação social motivada por dificuldades sociais, isto é, a sua actuação acabou sendo força motriz para o agravar da onda de tensões, o que acabou inevitavelmente por levar a que destes confrontos se fizessem três vítimas mortais e cerca de 178 pessoas que deram entrada nos hospitais, grande número atingidos por balas.

Quando chamado a olhar para as causas das violentas manifestações de 5 de Fevereiro, começo por fazer o enquadramento das manifestações que aconteceram em Maputo, as quais penso não se diferenciarem muito do sucedido no Quénia, na França, enfim, começam a ser frequentes no mundo onde tendem a ser não de tribos, etnias, mas sobretudo entre classes sociais os pobres contra os ricos não importa se esses sejam jauas, tongas, hutus, tutsis, etc, rongas desde que sejam detentores de riqueza e outros não é aí onde reside a zona de confrontação, apesar desta constatação ainda não ser facilmente perceptível pois o nível de confrontação com essas bases não ter muitos argumentos completos para se apresentar, mas ainda assim acredito que é nesse quadro que se melhor se pode compreender essa manifestação violenta e com tempo melhor poderá se perceber o que aqui tentamos explicar.

Olhando directamente sobre as causas da violenta manifestação a primeira coisa que salta a vista é que tenho poucas mas muito poucas dúvidas de que os factos tenham sido produzidos por uma mão invisível, ou por grupos ou sei lá o quê, que alguns tentam imputar, pois não vejo ninguém ou nenhum grupo na actual conjuntura nacional com capacidade de programar com aquela perfeição aquela onda e dimensão das manifestações e sobretudo atendendo e considerando os factores em disputa, são questões sociais que as pessoas sentem na carne, na mesa, no nível de vida que levam, não carece de agitação.

Essa lógica de pensamento conduz-me a idéia de que as manifestações representam o culminar do asfixiamento da violência estrutural, do custo de vida extremamente alto, um povo com fraco poder de compra, precisamente porque o aumento teve lugar num momento em que se iam registando aumentos sobre produtos básicos, pão, arroz, carapau, etc, produtos que podem ser complementados ou preteridos, isto é, quem não pode comer pão come mandioca ou abdica uma refeição, etc, mas quando chegou a vez do chapa, que não tem nenhum complementar, não há outra alternativa, foi só a ponta do iceberg, pelo que assistimos a manifestações com vários factores motivadores, desde a falta de emprego, custo de vida, desigualdades sociais, falta de vagas, isto é, uma série de problemas que o povo aproveitou reclamar com o aumento do preço dos chapas.

Ainda neste contexto das causas das manifestações violentas, é imprescindível olhar para posição dos transportadores representados pela FEMATRO que desde 2005 que se têm registado aumentos no preço do combustível, ainda assim nunca terem reajustado as tarifas, lembrando de que nesse período o preço do combustível era de 18mt pelo litro, para dizer que a actualização do preço, também tem a sua razão de ser exigida. Mas é importante também frisarmos que as práticas dos transportadores de nunca respeitarem os utentes dos chapas, enchentes inconcebíveis, incumprimento das rotas, o abuso dos cobradores para com os utentes, foram situações que também acabaram sendo lembradas pelos utentes nestas manifestações e que certamente tiveram a sua influência para acentuar o nível de revolta.

O governo de Moçambique que muito tem feito, para suprir as dificuldades existentes, pois nunca me esqueço, que estamos a falar de um governo que depende maioritariamente do apoio da Comunidade Internacional, esta que contribuí com mais de 60 % para o Orçamento Geral do Estado, um governo que sofre condicionalismos das instituições económicas internacionais, me refiro ao Banco Mundial e ao FMI, instituições estas lideradas por países em que o seu Estado subsidia os sectores mais sensíveis da sociedade como o transporte entre outros, e contrariamente a nós nos impõem a um liberalismo selvagem que só pode levar a casos destes, deixando o governo num beco sem saída. Ainda assim penso que o Governo de Moçambique cometeu um erro crassa, ao não avaliar as repercussões de um aumento de preço dos transportes, atendendo e considerando o salário mínimo e o nível de vida, o que levou a que os tumultos encontrasse desprevenidos as forças policiais em particular e o governo no geral e sobretudo porque o governo não teve tempo para preparar nem o povo e muito menos as alternativas para essa situação.

Quando o Governo reuniu-se com a FEMATRO e mais tarde decidiu manter as tarifas e continuou a procurar alternativas, veio mostrar que não foi feito um trabalho árduo de busca de alternativas, que parece que passam inevitavelmente por subsidiar os transportes em Moçambique, mas também mostrou que a sintonia no seio do organismo representante dos transportadores não é de todo muito completa, uma vez que mesmo depois das instâncias máximas do organismo terem acordado baixar a tarifa e continuar a exercer a actividade, foi notório a falta de transportes nos dias a seguir a 5 de Fevereiro, levando a que o povo tivesse que fazer a pé longas viagens e outros nem se fizessem presentes aos seus postos de trabalho. .

Também por isso penso ser extremamente importante que todas as forças da sociedade tirem ilações destas violentas manifestações, para evitar que elas sejam permanentes e mais violentas ainda, pois o nível de vida tende a crescer, o preço do crude no Sistema Internacional tende a subir, a crise económica que assola os EUA ainda não está no pico e continuará tendo o seu impacto, isto é, existem uma série de fatores que demonstram que o futuro não reserva bons momentos para um Estado altamente dependente da comunidade Internacional, como o nosso.

Mas se for feito um trabalho de base para evitar casos futuros, certamente que a sociedade civil não tomará esses actos de desacato como uma via mais indicada de reclamação de problemas sociais, os transportadores e outros agentes económicos exercerão as suas actividades visando o lucro mas sempre tendo em conta o poder de compra da maioria da população e o governo procurará alternativas para os problemas antes de tomar decisões com forte impacto social de tal modo que a estabilidade política e económica que tanto propalamos nunca será posta em risco, e nos ajude a trazer mais investimentos externos e a reduzir as nossas desigualdades sociais, especificamente que os pobres se tornem menos pobres.

Queria terminar o texto manifestando a compreensão para com os concidadãos que manifestaram pelo elevado nível de vida (aumento do nível de preço do chapa), pedir aos governantes para que em momentos iguais controlem os discursos que vão proferindo junto da imprensa porque podem representar um factor aguçador de mais conflito, congratular a intervenção da PRM mas pedir que aumentem os seus níveis de eficácia e sobretudo que tenham sempre intervenções tomando em conta o nível, as motivações e dimensão dos problemas em causa sobre o risco de se assistir como vimos uma luta entre a Polícia e a sociedade civil, e sem dúvida repudio energicamente aqueles que se aproveitaram das dificuldades dos outros para roubar, cometer crimes, vandalizar empobrecer-nos ainda mais, e como não poderia deixar de ser, desejar que jamais possamos ver em Maputo e no país em geral, os actos vividos na “Super Terça-Feira”.