quinta-feira, 1 de outubro de 2009

COMO FAZER POLÍTICA PARA GANHAR ELEIÇÕES

“ Ganhar Eleições constituí objectivo principal de todos os candidatos e partidos e movimentos políticos concorrentes as eleições e o dia da votação é o dia mais importante de todo o processo elitoral” Awepa 2004

É quase sabido por todos que em Moçambique no dia 28 de Outubro de 2009 vão ter lugar eleições presidências, legislativas e provinciais, apos um cenário em que o Conselho Constitucional deliberou um acórdão que vai de encontro com as indicações da Comissão Nacional de Eleições de rejeitar algumas candidaturas de partidos políticos, o que os coloca parcial e totalmente de fora da corrida eleitoral e consequentemente sem possibilidade de vencer as eleições. É sobre este facto que pretendemos centralizar a nossa análise do nosso mas certamente não vamos deixar de proceder a nossa analise sobre os partidos que se mantém na corrida eleitoral, em ambos os casos olhando para o que deveria ou deve ter sido feito ou deve-se fazer para ganhar eleições.

Para iniciar a nossa análise vamos nos concentrar nos partidos que estão arredados de poder ter uma vitória plena neste processo como também sobre aqueles que sequer terão a oportunidade de participar no pleito. Apesar de que essas forças que estiveram na situação em que todos nós conhecemos, a primeira chamada de alerta a fazer é que devem perceber que ainda existe espaço no cenário político nacional bastando que se organizem desde já para realmente poderem adquirir o espaço que tanto auguram. Por outro lado é preciso que essas forças estejam conscientes que elas tem regularmente menor capacidade de atração de eleitorado acompanhado de uma menor influência sobre os órgãos de soberania, sendo assim a primeira coisa que lhes é chamada a fazer é conhecer integralmente as regras para participação no processo eleitoral desde cedo, mas de forma correcta e apressar-se em cumprir todas os requisitos exigidos.

Certamente em função dos requisitos exigidos para cada eleição terão alguma dificuldade como se viu em cumpri-los em todos os círculos eleitorais aí terão necessariamente de definir as regiões ou círculos que lhes permitem cumprir todos os requisitos de participação, mas a escolha deverá cair para os círculos onde existem brechas políticas por parte das forças políticas com maior grau de influência mas sem dúvida que a organização, é a mãe da vitória e este grupo de partidos já reconheceu que não foi o suficiente organizado seguindo as regras do processo.

Para descobrir zonas onde hajam brechas passíveis de serem aproveitadas por forças políticas de menor expressão, sem dúvida que estes deverão evoluir para uma situação de contratação de consultores políticos que os possam fornecer essa indicação e caso não haja capacidade financeira para tal, teriam que ser os seus próprios membros a lerem integralmente os instrumentos programáticos de governação, e os programas das grandes forças políticas, e perceber onde a sua implementação não foi efectiva sem deixar de lado de fazer uma análise minunciosa e criteriosa dos elementos subjectivos que levam a comunidade desse círculo a votar numa determinada força e direccionar esses aspectos para o seu manifesto eleitoral.

A melhor forma de traçar um manifesto eleitoral é sem dúvida de fazer um levantamento primário das grandes lacunas apresentadas pelo seu adversário, e seguidamente esboçar as melhores soluções alternativas as políticas em causa. Mas é preciso compreender que o manifesto assenta sobre uma estratégia de campanha, que envolve, vários aspectos que não podem ser de maneira alguma descorados tais como, quem vai receber a mensagem, o volume demográfico da região em que se pretende concorrer, a musculatura financeira que vai basear a campanha, entre uma míriade de aspectos que conduzem a que qualquer força política, possa definir com clareza quem será o seu eleitorado multiplicador e por conseguinte definir a sua estratégia de campanha para disseminação prioritária do seu manifesto sobre esse mesmo eleitorado.

Ora, estamos perante um grupo de partidos excluídos parcialmente e totalmente da corrida eleitoral, e se forem partidos que um dia quererão realmente merecer a confiança do povo Moçambicano para além de seguirem os conselhos técnicos que acima levantamos para o seu sucesso nos próximos pleitos eleitorais, devem desde já dedicarem-se a fiscalização do actual processo eleitoral e no apelo a afluência massiva ao processo, isto sim, seria uma forma de manifestarem a sua presença como forças credíveis e sobretudo agindo dessa forma, poderão apreender muito mais sobre o processo eleitoral o que lhes vai conferir certamente melhor preparo para se fazer presente nos próximos pleitos, duma forma em que possam acompanhar a evolução das instituições que regulam o processo eleitoral, ou por outra estarem em condições de apontar com clareza os erros dessas instituições.

Bem, nesta fase de análise que penso ser a mais complicada pela análise, refiro-me a concentração sobre os partidos com direito a participação plena e total a corrida eleitoral, denoto que existe uma fragilidade bastante exacerbada em todos eles, conjugada pelo facto de no mesmo dia terem lugar três eleições com “responsabilidades” estritamente diferentes, e esse facto estar a conduzir a sua actuação em termos de temas de campanha seguramente para aspectos mais ligados a eleição presidêncial ficando em segundo e terceiro plano as eleições legislativas e provinciais respectivamente.

A análise que se me oferece a fazer é que mesmo que os eleitores desses partidos vão votar, sem dúvida eles estariam a votar não por estarem conscientes dos objectivos da sua força política com as eleições legislativas e provinciais, mas em grande escala por ter havido um apelo ao voto ao partido e ao candidato. Mas já que se está a destacar as eleições presidênciais, tentemos ligar a leitura do nosso artigo para perceber o que deverá ser feito por cada candidato para ganhar as eleições.
Se tomarmos em linha de conta de que as campanhas eleitorais são voláteis, dinâmicas, e que muitas vezes as emoções que conduzem ao voto são altamente determinantes do que factores racionais podemos afirmar que todos os candidatos estão em pé de igualidade na possibilidade de se tornarem Presidentes da República.

Mas por outro lado é preciso perceber que a estruturas de composição e de organização de cada partido são diferentes; que em qualquer parte do mundo é difícil defrontar um partido que esteve a governar, mas sobretudo pelo facto da nossa realidade política demonstrar que existe um aparente afeiçoamento político apriorístico em certas regiões que no final sempre acabam determinando quem será o final vencedor.

É por essa razão que os aspectos didáticos e técnicos acima levantados da necessidade de existência de uma leitura antecipada das razões do desaire ou do sucesso de cada partido no último pleito eleitoral acompanhada da necessidade de um estudo aprofundado das lacunas de outro concorrente constituirem aspectos extremamente rigorosos para constituírem temas de campanha. Mas antes mesmo de entrar nesse “tom” de análise queria deixar umas linhas, para o espectro de abstenção que é seguramente assustador pela forma como as coisas estão colocadas quer em termos de participação política, quer em termos da fraca actividade cívica, ou pela ineficácia dos dados estatísticos sobre o número de eleitores activos bem como pelos fracos argumentos que se apresentam nas campanhas eleitorais, e anseio sinceramente que a minha análise sobre a possível abstenção não seja assustadora como me parece.

Infelizmente a meu vêr da análise que faço da campanha, dos planos que são apresentados pelos partidos e candidatos estão a marginalizar a evolução da compreensão e da demanda requerida pelos eleitores aos temas de campanha que reflecte uma subida significativa do grau de letarcia no nosso país, e estão bombardeando o eleitor com grandes chavões clássicos de campanha, como construções de escolas, hospitais, infra estruturas, etc, etc, que por sinal são obrigações primárias de qualquer governo deixando de evoluir para uma situação em que possam brindar ao eleitorado com as melhores estratégias que cada um tem para assegurar que o que se propõe a fazer será realmente feito, e reconhecendo a capacidade de aquisição de receitas internas por parte do Estado ou melhor da sua dependência não creio que fosse justo pedir que dissessem o número de estradas, pontes, escolas, etc, mas talvez as infra estruturas que consideram prioritárias a serem construídas e demonstrerem o seu impacto no desenvolvimento nacional.

Para não deixar o texto demasiadamente técnico ou equiparado a algo igual, permitam-me voltar para a realidade empírica da nossa campanha eleitoral e dizer de forma segura caso os partidos políticos ora excluidos total ou parcialmente se conseguirem actualizar a sua forma de participação a escala nacional nestas eleições de 2009 pois poderão ganhar alguma legitimidade para 2014 e caso o contrário significaria o seu desparecimento completo.

É também importante sublinhar que analisando a vigorosa estrutura organizacional da FRELIMO, será seguramente imperioso para o MDM de Daviz um partido novo, que apartida é a terceira força política tendo em conta a sua participação nos diferentes processos eleitorais, em comparação com as restantes forças, que a meio do percurso redifina a sua estratégia para se concetrar a sua “oposição” no sentido de roubar influência a RENAMO e a Dhlakama, pois aí sim essa luta é mais fácil de adquirir vitória ainda que será bastante suada se não elevar os seus argumentos nos factuais nos temas de camapanha.

E porque a FRELIMO e seu candidato andam a velocidade de TVG há já algum tempo, era necessário que a RENAMO revisse em 100% os seus temas de campanha, porque senão poderá ter uma derrota retumbante face a FRELIMO e seu candidato e uma perca de eleitores impressionante por parte MDM, pois desta força que quer ser alternativa ao partido no poder se exige mais e muito mais do que os discursos belicistas que invariavelmente o seu líder brinda, sublinhando o facto deste partido não estar a demonstrar com que “quadros” está a contar para se mostrar um governo alternativo.

Mas de forma geral estas eleições que pelo facto de tornar um imperativo a revisão do pacote eleitoral na próxima legislatura no sentido de torná-lo mais explícito, pelo facto de alertarem os partidos políticos de menor expressão para o “expectro de ter terminado o último recreio” e chamá-los a revêr os seus procedimentos, por atraír uma escolha bastante minunciosa para os próximos membros dos órgãos de gestão eleitoral, por estarem a demonstrar aos partidos e candidatos que as suas estratégias devem ser mais realísticas, por todos esses e outros factores só dão-nos mais certeza que o próximo governo deverá ser bastante audaz para responder aos anseios da nação, e sem sombras de dúvidas este processo lança as bases para eleições livres, justas e transparentes em 2014 onde ganhará quem tiver lido este artigo.