quinta-feira, 22 de abril de 2010

PORQUÊ OS DEBATES ERAM MAIS ACESOS NA ÉPOCA ELEITORAL ATÉ POUCOS DIAS DEPOIS DA FORMAÇÃO DO GOVERNO?

Ora, tenho tentado de forma pouco feliz encontrar respostas para a pergunta que dá lugar a este conjunto de palavras, que eu teimo em aceitar chamar de texto. Bem, a primeira resposta que me ocorre, é que esse intervalo temporal acima descrito, compreende o chamado periodo de transição na governação, por natureza um período mais franco para animar o debate de ideias. É nesse período em que se colocam ao de cima, as alternativas ás políticas menos conseguidas que vigoraram na legislatura transacta, sendo também o período em que somos chamados a avaliar as propostas que nos serão colocadas pelos partidos e candidatos que pretendem num futuro breve governar. Indubitavelmente, esse período é, e deverá ser sempre, de calorosos debates a vários níveis.

Partindo duma outra visão, podemos aferir que se os debates são mais calorosos numa determinada época, ao invés de serem consistentes e progressivos isso pode também demonstrar que existe pouco esforço para proceder ao acompanhamento da implementação das políticas governativas, isto é, estamos perante a uma sociedade ou grupo com um défice de monitoria e avaliação aos planos de governação, constituído um factor que conduz a que a governação seja por vezes marcada por erros que eram passíveis de serem colmatados caso existissem prontas alternativas.

Sem dúvida que a pergunta que dá origem a este conjunto de palavras, pode e deve merecer vários tipos de observações. Num outro ângulo de análise acredito que também pode ser discutível esta caracterização decrescente da qualidade de debate, pois a quem poderá questionar, a que se refere o autor do título, porque ao lermos os jornais, ao vermos a TV, ao abrirmos a internet, acompanhamos sempre posicionamentos diversificados sobre agenda política nacional, isto e, não hà nada que transpareça que o debate de ideias esteja adormecido.

E exactamente por isso também ser verdade, decidi neste momento dar como exemplo a BLOGOSFERA, onde sem dúvida registei que o debate parou ou morreu. Registo com alguma preocupação o silêncio da blogosfera, um silêncio que pode ser testemunhado com a quantidade de textos escritos nos blogues, com o fim dos círculos restritos, com a fraca nível de comentários ou discussões sobre os pouquíssimos textos que se escrevem.

Abordar o silêncio da blogosfera, me parece um exercício bastante importante, porque para mim, este se tinha tornado um círculo de referência de abordagem dos assuntos nacionais, onde as abordagens eram feitas sempre de uma forma completamente diferente do tipo de debate que temos lido e assistido, um debate directo, franco, aberto, destemido mas sobretudo profundo, de onde transpiravam varias linhas para construção de um Estado em busca da sua auto-superação permanente.

Não foi por mero acaso que S.Excia o Presidente da República, que partidos políticos e seus líderes, instituições de ensino, órgãos de comunicação, passaram a dedicar parte de seu tempo procurando estar a par dos assuntos debatidos e apresentados na Blogosfera, tendo até se aliado a este grupo, alguns de forma directa outros indirecta, exactamente porque estes segmentos sociais terem descoberto que na Blogosfera existia um “grupo” com ideias extremamente cruciais para os desígnios da nação, impossível de ser facilmente ignorado.

Agora, também é verdade que quando o grupo passou a merecer tamanha atenção a vários níveis, assisti a entrada massiva de vários opnions makers alguns dos quais que contribuíram para descaracterizar a forma de debate daquele grupo, pautando por ataques pessoais, chegando mesmo a catalogação das ideias em linhas partidárias, tendo sido um dos factores que levou a que o debate fosse se desgastando até atingir a fase de silêncio em que actualmente se encontra.

Como podem estar a reparar está ser difícil encontrar uma resposta conclusiva para o título deste texto, porque parece ser provado que tentar explicar o fenómeno com a decepção de certos opinadores por não terem merecido confiança para aposta no governo como alguém pode se calhar tentar avançar, demonstraria no meu entender um total desconhecimento ás características do debate da Blogosfera, um debate bastante profundo, profundo até ao ponto de não ser incompatível com uma estratégia de promoção de imagem.

Se por um lado sinto que termino este conjunto de palavras, do mesmo jeito que as início, com a impressão de que fazem falta aqueles calorosos debates da Blogosfera, que serviam de agenda para colóquios, seminários, debates nas rádios e TVs, e até para discursos de digníssimas figuras públicas. Por outro sinto que ainda não encontrei a resposta para a seguinte pergunta:

PORQUÊ OS DEBATES ERAM MAIS ACESOS NA ÉPOCA ELEITORAL ATÉ POUCOS DIAS DEPOIS DA FORMAÇÃO DO GOVERNO?

É urgente que voltemos ao Debate de Ideias de forma destemida.