segunda-feira, 13 de outubro de 2008

A CRISE FINANCEIRA GLOBAL

DA CRISE ECONÓMICA NORTE-AMERICANA A UMA CRISE MUNDIAL

Em Agosto de 2007 veio ao de cima uma crise no sector financeiro norte-americano desencadeada pela procura no mercado imobiliário. Uma crise que é o reflexo da recessão económica de 2000-2001 e de 2003 em que o mercado de habitação foi promovido para estimular a retoma da economia através de um fornecimento de linhas de créditos bancários sem muito rigor de análise das capacidade dos cidadãos e nem mesmo sem rigor prático bancário exigido para créditos a longo prazo. Isto levou a que muitos cidadãos tivessem acesso a esses linhas e como muitos deles não conseguiram cobrir os empréstimos aos financiadores de hipótecas (bancos), e pela quantidade de empréstimos não cobridos, os bancos tiveram altas perdas mas também geraram um alto nível de endividamento, com o agravante de que os gestores dos sistemas finaneiros iam recebendo altos salários e compensações que contribuíram para o ruír do sistema financeiro norte-maricano.

Mas porque as economias dos países, principalmente os mais desenvolvidos do globo está praticamente atada uma a outra e os bancos representam o grande elemento de conexão dos mesmos, através de empréstimos, de garante de investimentos e de depósitos de capitais que envolvem grandes empresas e grandes corporações internacionais sediadas em várias partes do mundo foi assim que como que num estalar de dedos que os outros centros económicos entraram automaticamente em crise facto que pode se testemunhar com o efeito das bolsas de valores globais que teve também um efeito e acompanhou as leituras dos mercados globais.

Actualmente esta crise já deixou de ser uma crise do sector imobiliário, ou simplesmente do sector bancário, ela passou a afectar directamente o funcionamento de corporações privadas, afectou a confiança dos utentes bancários com relação aos juros empregues, baixou a proporção de consumo e consequentemente travou o nível de investimentos o que não só vai gerar mais desemprego, vai quebrar as expectativas de crescimento de vários países, levando a falência muitas e grandes empresas e Estados levando ao colapso do sistema financeiro global.

Certamente que os bancos centrais das economias mais desenvolvidas tiveram que intervir, não só para evitar que vários bancos fossem a falência levando consigo investimentos de muitas famílias o que certamente geraria um drama social com grandes repercurssões, mas principalmente com objectivo de travar o colapso do sistema financeiro global o que poderia ser um factor mobilizador de uma grande depressão social a escala global com consequencias imprevistas.

Nos Estados Unidos onde a crise se desencadeou foi desenhado o plano Paulson que deu lugar a uma injecção de 700 biliões de dólares para não permitir que bancos acabassem por ruír mas ainda assim está claramente perspectivado a queda de mais alguns bancos e seguidamente a União Europeia reuniu-se urgentemente para combater a crise com medidas únicas falando numa só voz numa altura que as grandes economias como a Alemã estão em fase de contração, a Islândia uma das mais robustas economias globais está a beira da falência. Neste cenário a grande pergunta que se faz é o que se espera para os países menos desenvolvidos como Moçambique.

As leituras de vários economistas e de instituições financeiras internacionais como o Banco Mundial e FMI dizem que a crise vai atacar largamente aos países que estão intimamamente ligados as economias globais o que não é o caso de grande parte dos países Africanos ou em vias de desenvolvimento e que por exemplo a África do Sul pode ser uma das economias que possa sofrer parcialmente, ou indirectamente, pois o seu nível de exposição as grandes cadeias económicas globais são muito superiores dos países como Moçambique.

No entanto é preciso entender que se por exemplo para Moçambique o problema do preço de combustível era um problema, deve ficar claro que com a crise o combustível vai caír, mas pelo facto das grandes economias encontrarem centrados na resolução dos seus problemas económicos que terão que ser assistidos a médio e longo prazo, poderemos ter alguns problemas, visto que com a queda no consumo, os grandes investimentos que geram rendimentos que possibilitam o apoio aos países em desenvolvimento vão travar ou até mesmo parar e certamente que as grandes linhas de apoio aos PVD vão conhecer algumas limitações, os investimentos previstos para os PVD terão que ser repensados pois vai se assistir uma minunciosa atenção a empregabilidade de capitais porque as grandes companhias e economias certamente que quererão investir em projectos de lucros seguros e a curto prazo.

O facto de capitais Africanos representarem menos de 5% do comércio global parece-me que deveria constituir um factor actrativo para aos grandes investidores globais, pois a crise foi gerada numa tentiva de promover a retomada da economia a partir dum mercado extramamente concentrado, o que certamente teria outro impacto se fosse usado um mercado “virgem” como o Africano, onde certamente a um fraco poder de compra facto que tambem poderia constituir uma oportunidade, pois deveriam ser privilegiados sectores que não só poderiam fortificar as capacidades do consumo africano mas poderiam constituir um factor de complementaridade dos mercados globais, Africa saíria a ganhar e o mercado global também, mas certamente esta e uma recomendacao a ser levada aos grandes economistas, as corporacoes financeiras internacionais e porque nao ao Grupo de Paises mais industrializados do mundo.

Nesta altura em que se diz que o pior ainda está por vir, esperemos que os detentores dos capitais globais “desconcentrem” a localização dos investimentos e tomem medidas acertadas para dar resposta a crise e podemos adiantar que os sinais da recessão de 1929 estão lançados, e a crise poderá chegar a essa dimensão. No entanto vai jogar um papel fundamental a forma como as economias globais vão lidar com as economias periféricas e a busca da confiança do sistema financeiro das grandes economias pelo que esperemos que a declaracao de garantia de liquidez por parte dos Estados aos bancos traga a confianca necessaria para o sector financeiro global.

Um alerta especial deve ser chamado aos dirigentes e gestores financeiros das economias periféricas como Moçambique, para que comecem a desenhar acções para se desamarrarem “urgentemente” da dependência externa e para que não só fiquem atentos ao xadrez económico global que vai sendo desenhado, mas que comecem a enunciar medidas tendentes a contrabalçar a crise pois num futuro muito breve estas economias vão experimentar dias difíceis que vão agravar a já difícil situação de vida dos seus povos.