sexta-feira, 18 de setembro de 2009

A nódoa da CNE suja a vitória da FRELIMO

“Esses gajos da CNE estão a meter água. Hum Noa, esses gajos da CNE não meteriam água se ninguém os desse água para meter”

Que algo vai muito mal neste país até os miúdos sabem e existem vários exemplos disso e o mais flagrante foi com actuação da Comissão Nacional de Eleições, ao ter usado todos os argumentos existentes e inexistentes para colocar de fora alguns partidos a corrida eleitoral, e pior, ao ter se mostrado pouco comunicativo e arrogante na forma como se foi relacionando com os demais actores do processo eleitoral.

Este texto que vos proponho a lêr pretende partir da situação concreta da CNE para perceber um fenómeno generalizado, que é o da desrosponsabilização institucional e pessoal dos actores públicos, justificando-se através da FRELIMO ou ao Presidente da República. A mim me intriga bastante esta percepção, constantemente levantada em alguns circulos académicos e políticos do uso da chancela FRELIMISTA para se justificar erros pessoais, ainda que tenham em vista procurar beneficiar objectivos FRELIMISTAS.

Pode parecer paradoxal a tese que acima levanto, mas no caso em particular é preciso compreender que tanto académicos, políticos, a até jornalistas bastante críticos actuação de vários quadrantes da FRELIMO como é o caso de Machado da Graça, pouco vaticinavam a derrota da Frelimo e do seu candidato, pelas obras feitas e realizadas, pelo seu contacto permanente com a base e sobretudo com o seu grande tema de conquista no meio rural que são os 7 bilhões.

Apesar de concordar que a geração de verdadeiros estrategas da FRELIMO, que foram exponencialmente representados por Aquino de Bragança, Honwana, e mais tarde sucedidos por Tomás Salomão entre outros vai se esfumando, ainda assim, não há grandes argumentos que me levem a pensar que Edson Macuacua e seus pares possam em detrimento de uma vitória folgada e esmagadora possam ter partido por atrair uma massiva abstenção no próximo pleito eleitoral.

Estou bastante convencido que ainda que João Leopoldo da Costa e seus correligionários quiseram beneficiar a Frelimo seguramente que foi sobre vontade e juízo próprios, e penso que é nesta base que vários dignatários de cargos públicos e de Estado tem erróneamente agido, sob sua própria custódia, perseguindo objectivos pessoais que ninguém os conhece e mais tarde deixa-se transparecer uma idéia de que existe um “sistema” bem montado que controla tudo e todos, que é extremamente astuta no xadrez, que tritura a quem aparecer no caminho, enquanto na verdade essas pessoas estão a manchar a verdadeira obra da FRELIMO.

É por essa razão que o "grande ideologo" Jorge Rebelo não aceita que a FRELIMO seja a mesma dos tempos remotos, porque nesses tempos atitudes oportunisticas deste género, que visivelmete não respondem a um comando superior, e pior que prejudicam a uma estrutura que vai carborandoa 100% mereciam sanções sem iguais, é o que eu espero que se faça com esta liderança da CNE e todos os outros titulares de cargos públicos que em seu nome pessoal vão criando condições para não separar o Estado do partido.

Me recorda um Director Provincial de uma instituição do Estado que tirou do herário público valores para pagar bónes e camisetes do partido, esse tipo de pessoas deviam ser muito bem vistos para sererm despromovidos em vez de promovidos, pois esse tipo de actuação deve ser condenada e sancionada porque em nada beneficiam o partido, e mais do que isso não ajudam a consolidar o Estado de Direito e a promoção do Desenvolvimento Nacional e qualquer actuação contra essas atitudes só levantariam a legitimidade da Frelimo no que toca ao combate a corrupção, na promoção da transparência, etc, mas é seguramente um desafio para qualquer que fôr o próximo governo.

A minha tese de que actuação da CNE pura e simplesmente vem para sujar a vitória da Frelimo e para atrair abstenção nas próximas eleições, não se justifica apenas por ter acompanhado a RENAMO a se desfazer das suas grandes pedras académicas, ou do seu líder a chamar os seus mais colaboradores directos de “miúdos”, nem pelo facto de achar que o partido MDM que acho que tem futuro, ainda vai por algum tempo disputar as suas bases eleitorais com a RENAMO. A minha tese não é alicerçada pelo facto de não ter visto alternativas as políticas esboçadas pela Frelimo, por parte do PDD de Raul Domingos e muito menos dos outros partidos que nem sequer conheço, ou pelo facto de ter visto Ya kub Sibyndi e a sua oposição construtiva a doarem dinheiro para realização dos congressos da Frelimo no âmbito do estágio que iam realizando nesta formação política.

A minha tese meus caros, é avançada porque ví e acompanhei as Presidências abertas e inclusivas, escreví sobre o trabalho da Primeira Dama da República de Moçambique, conheço os efeitos dos 7 biliões nos distritos, assisti as reuniões de preparação das eleições no seio da Frelimo e posterioremente a reunião de preparação das eleições acções que catapultaram a um engajamento de massas a nível nacional nas mais diversas esferas sociais, que seguramente só poderiam trazer um efeito positivo nas eleições que se avizinham.

Sabem estamos num país onde ainda é difícil fazer leituras políticas, ainda que próximas da realidade empírica, sem sofrer adjectivações, mas não posso deixar de lembrar que até o mais promissor “futurologista” da blogosfera nunca tinha avançado qualquer hipótese de derrota para o partido Frelimo e seu candidato, por essa razão, deito completamente por terra toda e qualquer hipótese que possa nos levar a considerar que a CNE agiu a mando da Frelimo ou de Guebuza, não, a CNE agiu por motivações pessoais, e se quisermos ser um pouco mais brandos agiu para acompanhar os rumores de evolução com que foram laureados os novos juízes do Conselho Constitucional.