sexta-feira, 13 de julho de 2007

Recados ao Nono congresso do Partido Frelimo - Editado no jornal O País a 9 de Novembro de 2006

Recados ao nono Congresso do Partido FRELIMO



Gostaria de começar por agradecer a Direcção deste prestigiado semanário que permitiu que esta carta fosse publicada.Antes mesmo de iniciar a minha abordagem do qual me proponho tratar, penso que seja relevante fazer uma simples apresentação da minha pessoa, começar por dizer que sou um jovem formado em Relações Internacionais e Diplomacia e com menos de 25 anos de idade, crescido na pacata cidade de Inhambane.

Poderia falar do congresso deste daquele ou de outro partido mas, o contexto político,
económico e social em que nos encontramos inseridos dirigidos pela FRELIMO há 31 anos (1975-2006) e vislumbram-se muitos ainda pela frente, fazem me crer que iniciativas tendentes a contribuir para o progresso da nação sejam destinadas a este partido que hoje tenta reaparecer como uma Frente. Tenho a elevada estima e consideração por todos outros partidos, mas penso que tenho a obrigação de deixar o meu contributo sobre os destinos da nação a este partido que nos lidera, e vejo este artigo como uma modesta participação na vida política do país do qual todos mas todos devemos ser responsáveis na condução de seus destinos, se bem que de formas claro diferentes.

Quando acima fiz a minha apresentação foi sobretudo para dar a conhecer de que geração faço parte “pós –Samora”, uma geração que cresceu na economia de mercado, uma geração que se encontra mergulhado num mundo globalizado em que Moçambique não tem forças para influenciar onde cabe-lhe a função de mero receptor de acções exógenas, uma geração que tende enfrentar os desafios do séc. XXI ao lado de jovens de diversas partes do globo com melhores condições de vida, com acesso a educação facilitado, jovens que amam a sua pátria pois dela merecem carinho e atenção, explicado pelas políticas que seus líderes tomam.
Escrevo este artigo também para pedir a elite que governa e dirige os destinos deste país, para tomar em conta que nascemos e crescemos num outro contexto, onde os desafios do país e do mundo são outros e as ambições desta juventude tende a ser de um nível tal que se difere da geração de antes de ontem. A geração de ontem e antes de ontem, via nos actores externos, os colonialistas e imperialistas mais tarde os regimes racistas dos países vizinhos, forças que os impediam o acesso ao emprego, a educação, a melhores condições de vida vencidos estes inimigos os desafios para nós ainda são os mesmos, mas os que nos impedem, nos barram, os que nos constragem, por mais doloroso que seja mas é a verdade são os nossos pais, os nossos líderes, os nossos dirigentes, as nossas políticas.

O nono congresso do partido Frelimo, que se vai realizar na cidade da Quelimane neste mês de Novembro, reveste-se de grande importância, pois o recrudescimento da criminalidade em Moçambique, o desemprego que assola massivamente a juventude moçambicana entre outros males esperam das soluções deste partido que comanda os destinos desta que por nós chamada a pérola do Indico.

A Frente de Libertação de Moçambique, aquela fundada por MONDLANE, que teve os prosseguimentos dos seus idéias com SAMORA que após sua morte foi liderada por Chissano e hoje comandada por Guebuza , têm dentro de suas fileiras membros colossos que mancham a imagem da corporação, que usam o nome do partido para atingir intentos pessoais que forjam bandos de corruptos, líderes de facções criminosas que passam uma mensagem e um mau exemplo a nova geração que os saques aos fundos do Estado é algo normal e uma forma astuta e maquiavélica de atingir a riqueza e sendo da FRELIMO ninguém nunca os tocará.

Se me perguntarem quem são esses, respondo vos logo que esses são aqueles que não conhecem as teses defendidas nos anteriores congressos da FRELIMO, são aqueles que nunca estão contra nada mesmo quando as coisas estão visivelmente erradas, aqueles que dizem quem criticar a FRELIMO vamos lhe limpar, aqueles que se por acaso lerem este recado não procuraram fazer uma análise do seu conteúdo e fazer uma autocrítica, vão de seguida produzir conclusões que costumam ser isto é um recado da oposição, temos que ter cuidado com esse miúdo. Senhores este grupo é perigoso, este grupo em nome de um desenvolvimento pessoal vai contribuindo para o elevado indice de pobreza que nos aflige, e é contra as suas aspirações mudar o satus quo económico de Moçambique, tomar decisões em função dos acontecimentos reais, e espero sinceramente que o nono congresso os descubra e os afaste.

A memória de Samora Machel não é muito forte na minha mente, mas o seu amor pelo povo, a convicção pela qual defendia os seus princípios, a sua luta implacável contra a criminalidade, corrupção, a sua incansável para fazer justiça, entre outros males da sociedade fazem com que eu diga senhores vois sois capazes de nos dar um Moçambique melhor, pois ao lado do Presidente Samora vós edificastes esse Moçambique que nós todos auguramos. É de carácter urgente a necessidade de se fazer um rasteio sobre as fileiras do partido.

O nono congresso realiza-se numa altura em que o país, saí de uma celebração efusiva dos 20 anos de Mbuzine, uma celebração que mostrou que o povo moçambicano conhece a sua história e reconhece os seus líderes, convém olharem para o passado, regressar aos desafios de outrora perceber os seus falhanços pois esles se mostram valiosos e adequaveis a situação do momento só a partir daí é que estarao em condições de relançar o espírito patriótico que os moçambicanos sempre tiveram e envolver os Moçambicanos para a conquista dos desafios que nos propomos alcançar hoje que é sobretudo o “combate a pobreza absoluta”.

O governo Moçambicano liderado pela Frente de Libertação de Moçambique, relança um desafio ao povo Moçambicano do Rovuma ao Maputo “a luta contra a pobreza absoluta”, infelizmente ainda não conseguiram engajar o povo nesta luta, pois a pirâmide da população Moçambicana é de base maioritaria jovem que simultaneamente são a maioria dos desempregados deste país, isto é, sem munições para ir a esta frente de combate.

Antigamente tiveram que aprender a governar governando, a juventude de hoje forjou-se até aos mais elevados graus de formação, para contribuir na condução dos destinos do país e para impedir as nossas aspirações a liderança faz é exigir 5 anos de experiência para no final serem os mesmos dirigentes a saírem duma firma para outra, a trocarem de emprego enquanto a juventude esta vai engrossando a lista dos desempregados e dizem que pretendem lutar contra pobreza absoluta.

Excelentíssimos, ao valorizarem os nossos canudos sem querer menosprezar o valor da experiência profissional, estarão a garantir que uma linhagem inteira possa se dilacerar do suor de um filho que conseguiu formar-se, pois a nossa realidade cultural assim nos ensina e pode ser um mecanismo viável de combate a pobreza, pois através dele mais pessoas poderão ter o acesso a educação, poderão melhorar as suas condições de vida.
Na actual matriz de governação, o distrito foi definido como o pólo de desenvolvimento algo que não é de um todo novo na historia de governação deste país, mas como ontem este plano corre vertiginosamente ao fracasso pois foram alocados 7 biliões de meticais, para serem geridos por quem? Os cerébros estão no centro, na cidade, na capital, os dirigentes no distrito têm só experiência são ainda dos tempos de vamos aprender a governar governando, mas senhores no séc XXI os desafios são enormes o domínio do ciência e da tecnologia são fundamentais para o sucesso mas a liderança deste país insiste em deixar engrossar a lista de pessoal formado no desemprego em vez de alocá-los no pólo de desenvolvimento pois o seu Know How e a sua criatividade são a chave para o desenvolvimento nacional.

No discurso político as lideranças instam os jovem a promoverem o auto emprego, sem que para tal os forneçam bases para produzir suas iniciativas empreendedoras, querendo com isto dizer que não pode ser feito absolutamente nada sem dinheiro pois mesmo os passos inicias requerem suporte financeiro e quando se pensa nos bancos ou agências de crédito torna-se cada vez mais retraente para os jovens pois estas exigem como garantia de crédito, uma casa, uma conta bancária entre outras infra estruturas que por todos é sabido que não as temos. Por favor digníssimos, não somos otários, pensamos, temos idéias, somos criativos mas isso não basta se ninguém investirem nos nossos projectos.
Poderia lançar aqui inúmeros, mas inúmeros dados que evidenciam que o país precisa de uma intervenção assinalável, que o comportamento da liderança deve ser revertido, como são exemplo da síndrome no desporto que ontem dava glorias ao povo Moçambicano, , o enriquecimento através das vítimas de HIV/SIDA, entre outros problemas que carecem de uma intervenção. Mas como tenho a certeza de que escrevo sobre o país que esta elite edificou, um país que vós excelentíssimos sobejamente conhecem, prefiro ficar por rogar, pedir, clamar que façam do nono congresso um momento de discussão interna árdua, de reflexão do passado e do presente de forma a se produzir soluções válidas para os problemas nacionais. Em jeito de fecho queria parabenizar pela reversão da HCB para o Estado moçambicano, mais uma vez pedir que se faça do nono congresso um momento de estudo desta conquista para que ela contribua significativamente no processo de desenvolvimento económico.

Esperamos sinceramente que o congresso de Quelimane seja ímpar pela discussão franca e aberta onde sejam apontados os corruptos, sejam afastados aqueles que mancham o bom nome da FRENTE DE LIBERTAÇÃO DE MOÇAMBIQUE sejam definidas os planos para redução do desemprego juvenil, as linhas de luta contra HIV/SIDA, a estratégia do combate a criminalidade e que sinceramente no término do Congresso facilmente engajaremos Moçambique do Rovuma ao Maputo e teremos dado passos gigantescos rumo a vitória contra a pobreza absoluta.

Escrevi este pequeno e modesto esboço que retrata o sentimento de uma camada da sociedade que nasceu, cresceu sob liderança da Frelimo na condução dos destinos da nação, porque conheço a FRELIMO, conheço o partido Frelimo e sei que entre vós existem homens que conhecem a filosofia do partido, que amam Moçambique, pessoas capazes de guiar Moçambique a bom porto, e espero sinceramente que ao lerem o artigo não perquem de vista dos meus objectivos centrais e inventem conclusões desparafusadas, pois tomei a coragem de escrever em nome da geração pós-SAMORA que em vós vê a luz verde para o Futuro Melhor.

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