A 23 de Março de 2021, o Governo de Moçambique e a empresa petrolífera Francesa - Total - anunciam, em conjunto, a retoma das actividades do projecto multibilionário de exploração do gás natural da área 1. Este anúncio surgiu depois de aproximadamente três meses de autêntica paralisação das actividades em consequência do ataque terrorista de Dezembro de 2020, perto do local do Projecto Mozambique LNG. No dia seguinte, 24 de Março de 2021, os terroristas fizeram um ataque surpresa à Vila Sede de Palma, isto é, a menos de 100 km de Afungi, locai de ocorrência das reservas multibilionárias de gás natural.
Na dimensao estratégico-militar, um ataque à Vila Sede de Palma no dia a seguir ao anúncio de retoma das actividades conduz nos à hipotese de que os terroristas tiveram informaçao priviligiada que essa declaraçao seria proferida, e se organizaram para a contrariar, isto è, actuaram com base numa informacao interna ou junto das forças Governamentais e suas parceiras paramilitares ou da Total. Esta tese pode ser sustentada pelo facto de que os homens que entraram em Palma nao o fizeram no mesmo dia, ou atraves de uma caravana, este grupo ja tinha sua unidade instalada em Palma camuflando se com a comunidade local, estudando os movimentos das forças governamentais, mapeando tudo, aguardando as ordens para atacar. Os ataques de 24 de Março tinham como sinal claro, o de demover o Governo e a Total de avançar com o Projecto ou melhor de travar o arranque do empreendimento de Gás o que veio acontecer com retirada de todos trabalhadores da Total de Afungi.
Na base dessa hipotese levantada e preciso compreender por exemplo o acordo entre as FDS e a companhia DAG de Lionel Dyck, que tinha menos de uma semana para ver seu prazo expirar, num contexto em que por um lado, o Governo Americano concedeu treinamento a militares moçambicanos na aviação militar por outro amnistia internacional com seu relatorio sobre violaçao de direitos humanos perpetrados por esta companhia de mercernarios apertava o cerco o que fez com que grande parte da organizacoes da sociedade civil activa moçambicana questionassem e pedissem que fossem públicos os contratos com esta companhia. Mais agravante, foram as declarações de Lionel Dyck a BBC que mais pareciam recados, quando se referia a falta de colaboraçao da Total, de que as FDS nao tinham meios etc. Não fica difícil de concluir que seria também do interesse da DAG, ver ”aguas agitadas” no teatro de operaçoes para justificar a sua pertinencia e assim assegurar a extensão do seu contrato, lembrando inclusivamente, que há segmento das FDS que se beneficiam do mesmo.
Uma das criticas que e globalmente feita as empresas de origem francesa na sua actuação em Africa, com destaque para TOTAL, fundamentalmente em operações nos mercados de minerais, gás e petróleo é que prosperam num clima de conflitos sendo por isso vistas com uma quota de partcipaçao nos conflitos na regiao onde elas operam. Ora, a Total faz num período nao superior a um ano aquisicao da ANADARKO na area 1 numa area em que ja estava sob ataque terrorista, entretanto em Dezembro de 2020 para com actividades e um dia apos os ataques a PALMA nao em Afungi, retira seus trabalhadores, e mais tarde desactiva todos contractos com prestadores de serviços e colaboradores.
É preciso compreender que a nossa hipótese leva nos a pensar que caso a TOTAL tivesse interesses estratégicos definidos de avançar com o Projecto de Rovuma, dada a sua dimensão e experiencia internacional teria em primeiríssima estância negociado os aspectos de segurança, criando condições para o apetrecho das FDS em equipamentos e treinamentos específicos para proteger Cabo Delgado. Esta companhia quer em termos de meios materiais, ou em assessoria técnica, está em condições de produzir uma resposta a situação em causa que em comparação para outras geopolíticas ainda em Africa, pode se considerar latente ou embrionária, entretanto, estas actuaram como se lhes interessasse o atraso do projecto ou que os terroristas ganhem mais terreno.
Como fizemos referência acima, os terroristas tem como missão principal a inviabilização da exploração de gás dai terem-se concentrado as suas operaçoes entre Mocimboa da Praia e todas areas vizinhas que os permite-se atingir Palma quer impedido a entrada de força militar, bens de subsistência, material de assistência e serviços de Saúde etc, simplesmente, cortaram a logística a Palma. Citando A CARTA podemos nos recordar que a 12 de Dezembro de 2018, deram conta que “os insurgentes estão a aproximar-se da zona central da exploração do gás do Rovuma, em Palma, tendo executado três ataques nos dias 10 e 11 de Dezembro, no povoado de Nalyandele, que dista cerca de 20 kms da vila de Palma, e no mesmo dia por volta das 11 horas, foi atacada a aldeia Malamba, também em Palma, e por volta do meio-dia, do dia, 11 de Dezembro, na aldeia Miando, via de Rovuma, cerca de 10 kms do centro de Palma”, estas acçoes eram o caminho para estabelecimento do seu braço armado no distrito de Palma, convivendo com as pessoas, agindo como comerciantes e cidadaos comuns, aguardando pela ordem de actuaçao enquanto iam mapeando a forma de agir das Forcas de Defesa e Segurança.
Quando os terroristas comecaram atacar PALMA os seus primeiros alvos foram as linhas de comunicação das operadoras de telefonia movel, isto é, foram alvos previamente estudados e definidos os seus impactos o que nao poderia ser feito por uma equipe que acabava de chegar a Palma, ou melhor dizendo, para esse efeito e mesmo indicativo que tiveram uma equipe de avanço que se instalou em Palma estudou as comunicações, suas ramificações para que essa ataque tivesse sucesso. O quartel militar, a esquadra da polícia, que se encontram em Palma tambem sofreram um ataque surpresa, sem registos de vitimas ate ao momento, o que nos pode fazer perceber que os terrositas ja tivessem colocado uma força no encalce destas unidades de Defesa e Segirança para nao permitir que estes reagissem em prontidão para repelir as forças inimigas que iam fazendo estragos no seio da vila, usando este como ataque travão, dai seguiu--se ao ataque acompanhado de saque as instalações bancárias do BIM e do Standard Bank como parte do sua estratégia de autofinanciamento.
Enquanto os ataques iam continuando tendo os insurgentes cortado a via Afungi Palma, por onde poderia vir mais reforço quer da CONTROL RISK unidade paramilitar que assegura proteccao das empresas que prestam serviços a TOTAL, a maioria dos cidadaos nacionais residentes em Palma deslocavam-se as matas para refugio outros escondiam-se no mar.
Um factor curioso e que a maioria dos funcionarios das empresas que prestam servios a TOTAL que se encontram fora de Afungi encontravam-se instalados ou procurarm refugio no Hotel Amarula Lodge, de onde foi feito um video amador, por parte de um cidadão nacional que circulou de forma viral que desconfiamos que tenha chegado tambem aos insurgentes, pois como dissemos ja viviam entre a comunidade, dai se perceber que na noite do dia 25 esta unidade hoteleira foi cercada pelos terroristas dificultando a tentativa de resgaste das FDS, que ia fazendo um controle da zona por meio aéreo.
Outro factor estranho é o relato concedido por um outro cidadão nacional que tambem se encontrava na mesma unidade hoteleira que afirmou ter se trancado debaixo de um balcão desta unidade hoteleira, entretanto, ter afirmado categoricamente que 5 (cinco) do seus patrões de nacionalidade Sul-Africana que abandonaram o Hotel com destino a Afungi terem sido assassinados sem que tivessem feitos nem 5km, tendo ainda relatado que apos os insurgentes terem entrado no Hotel a sua procura ele salvou porque nao se mexeu do seu esconderijo. Estes relatos, demonstram claramente que os insurgentes não eram totalmente estranhos, ou os seus mandates, pois os alvos que perseguiam eram devidamente selecionados, taticamente escolhidos, e sobretudo com acessadas directas as redes sociais de convivência mútua com os funcionários da Total ou das diferentes empresas prestadoras de serviço. Esse facto pode ser constatado com os alvos seleccionados para destruição, casas localizadas lado a lado, era possível uma ser vítima e outra ser excluída da barbaridade.
Num outro desenvolvimento, as Forcas de Defesa e Segurança quando levavam jornalistas para in loco acompanharem os acontecimentos no teatro das operações não conseguiram aterrar porque afirmaram terem sido recebidos a tiros. Entretanto, dias depois uma fonte das FDS, veio afirmar que os tiros que recebiam eram das suas unidades que estavam em movimento de penetração da zona. Ora, se isso for realmente verdade, representa um total descomando, pois nao nos parece razoavel levar jornalistas sem avisar os colegas no terreno, ou mesmo sem solicitar as coordenadas de ondem vao aterrar para merecer protecçao, como tambem e de uma estranheza que as forcas no terreno nao consigam identicar um helicopetero aereo da sua própria forca, ou que ambos não tenham códigos de movimentação militar que signifiquem ser parte da mesma unidade militar.
Na dimensão externa é preciso tomar em consideração que os Estados Unidos ao declararem Terroristas Globais as forças que vem combatento em Cabo Delgado, deram motivaçao adicional a este grupo, pois lhes retirou do anonimato entre os seus pares, e reforcou junto destes maior reconhecimento, e merecedor de apoio de outra dimensão, podendo fazer exigências de braço armado do Estado Islâmico com alguma legitimidade. Para quem analisa este fenómeno, saberá que estes grupos, pouco estarão interessados em ter propriedades nos EUA, ou ate mesmo bens, sendo apenas que esta declaração serviu para aumentar a sua popularidade e angariar mais membros, ate porque os líderes que os EUA alistaram muitos deles desconfia’se estarem mortos. Para realmente os EUA demonstrarem o seu apoio a Moçambique deve ser em equipamentos, tanques militares, drones, capacitar a inteligencia militar, etc, tudo que possa efectivamente conduzir a captura dos insurgentes e das sua fontes de alimentaçao.
As conclusões que as nossas hipóteses nos conduzem são de que houve um vazio de actuação da inteligência e contra-inteligência nacional e estas duas linhas devem ser reforçadas com urgência a escala nacional reservando atenção especial a Cabo Delgado. No domínio das Forças de Defesa e Segurança, mesmo apos o Chefe de Estado ter se comprometido com a Total de que asseguraria protecção efectiva e completa num raio máximo de 25km, o facto de terem sido pegos de surpresa revela não avaliaram correctamente a dimensão estratégica de Palma no xadrez da intervenção terrorista de que estamos sendo vítima enquanto nação.
Para evitar que os terroristas alarguem o seu espaco territorial os servicos secretos nao podem excluir da investigação, nenhuma das partes, devem fazer um trabalho minucioso, com cada cidadão que esta neste momento em Palma, o envolvimento das empresas de segurança DAG- CONTROL RISK, a própria Total. Uma abordagem particular deve ser dispensada para uma abordagem introspectiva ao nível das FDS, pois usam parte da logística incluindo fardamentos destes, actuam muitas vezes com base em informantes das FDS, fazem recrutamento e aliciamento selectivo demosntrando que parte da fonte é interna ou recebeu formação do lado governamental. Estejamos conscientes de que a forte logistica militar de que os insurgentes dispoem, a forma como se embrenham entre a comunidade é um sinal sintomatico de que tem uma forte e estruturada cadeia de funcionamento que não sera superada exclusivamente com aumento do poderio militar das Forças de Defesa e Segurança mas com muita inteligencia.